Cientistas tailandeses anunciaram nesta quinta-feira a descoberta de um novo tipo de anticorpo contra o vírus do ebola considerado "mais efetivo" do que os existentes, mas que ainda precisa passar por testes em animais e humanos.
"Estamos muito orgulhosos de ter criado um novo tratamento de anticorpo contra a febre do ebola", afirmou em entrevista coletiva Udom Kahinton, membro da equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina do Hospital Siriraj, em Bangcoc.
"É uma nova estrutura do anticorpo, um novo mecanismo, para matar a febre do ebola de forma mais efetiva", explicou Udom, que espera bons resultados quando forem realizados testes com animais em laboratório e com humanos.
Segundo a pesquisa, este novo anticorpo é suficientemente pequeno para entrar na célula e destruir as proteínas do ebola, inócuo para as pessoas porque se desenvolveu a partir de genes humanos e poderá ser produzido em grandes quantidades.
Os pesquisadores ressaltaram que os testes podem requerer um ano, embora este tempo possa diminuir com mais financiamento.
Siyam Bioscience, uma empresa farmacêutica criada com participação da Tailândia e Cuba, mostrou-se interessada nos testes deste novo anticorpo.
Atualmente, existem vários remédios experimentais contra o ebola, incluído o ZMapp -um coquetel de três tipos de anticorpos- e se espera que as companhias GlaxoSmithKline (GSK) e NewLink Genetic anunciem uma vacina antes do fim do ano.
Em seis meses, o ebola infectou 6.553 pessoas e causou a morte de 3.100 na Libéria, Serra Leoa e Guiné, os três países mais afetados pela epidemia na África Ocidental.
Esta é a maior epidemia da doença desde que o vírus foi descoberto em 1976, na República Democrática do Congo (antigo Zaire).
A Médicos Sem Fronteiras afirma que as limitações logísticas impedem a organização de aumentar sua ajuda nos três países. Segundo o Banco Mundial, o impacto econômico do ebola pode ser "catastrófico" na Libéria, Serra Leoa e Guiné e o prejuízo pode alcançar mais de US$ 800 milhões até 2015.
"Se não determos o ebola, a doença se estenderá para outros países", afirmou ontem o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O diplomata lembrou que nesta terça-feira foi confirmado o primeiro caso de ebola diagnosticado nos Estados Unidos e afirmou que no cenário mais negativo cerca de 1,4 milhão de pessoas podem ser infectadas.
O ebola, transmitido por contato direto com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil