Conselho da ONU exige que radicais deixem o poder no Iêmen
Os rebeldes houthis ampliaram as áreas sob seu controle após dissolver o parlamento e anunciar a formação de um conselho presidencial para governar o país interinamente por dois anos
O Conselho de Segurança (CS) da ONU exigiu neste domingo que os rebeldes houthis deixem o poder no Iêmen e negociem com as outras forças políticas uma saída para a crise no país, e advertiu que está disposto a tomar "medidas adicionais" se isso não ocorrer.
Em uma resolução aprovada por unanimidade, o principal órgão de decisão das Nações Unidas exigiu que os houthis, "de forma imediata e incondicional", voltem à mesa de diálogo promovida pela ONU, retirem suas forças dos edifícios governamentais e libertem o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi e a outros líderes políticos que estão em prisão domiciliar.
Em caso de descumprimento, o texto ameaça com a imposição de "medidas adicionais" que poderiam ser sanções, mas não com base no capítulo 7 da Carta da ONU, que abre a porta para o uso da força, apesar dos pedidos do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).
Trata-se da primeira resolução aprovada pelo Conselho de Segurança desde que os milicianos rebeldes tomaram o controle do Iêmen e decretaram no último dia 6 a dissolução do parlamento e a formação de um Conselho Presidencial transitório.
No texto, os membros do CS condenam essas ações e defendem a volta ao roteiro estipulado sob mediação do CCG para a realização de uma transição democrática no país.
O Conselho de Segurança da ONU pediu aos radicais houthis que deixem o poder no Iêmen e solicitou que todos os países evitem qualquer tipo de interferência no conflito.
A resolução 2201 determina que a ONU está disposta a tomar medidas caso não ocorram avanços para a solução da crise. Em novembro do ano passado, o Conselho de Segurança já tinha aprovado sanções contra o ex-presidente Ali Abdullah Saleh e dois líderes rebeldes houthis por ameaçarem a paz e a segurança, e dificultarem a transição política.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou na semana passada que o Iêmen "está entrando em colapso" depois que o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi e o governo apresentaram sua renúncia no dia 22 de janeiro devido às pressões do movimento dos houthis.
O Conselho de Segurança negociou nos últimos dias o texto aprovado hoje, redigido por Jordânia e Reino Unido, e convocou uma reunião de urgência para votá-lo neste domingo.
Após Estados Unidos, Espanha, Grã-Bretanha, França, Itália, Holanda, União Europeia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, foi a vez do Japão fechar sua embaixada e retirar todo o seu pessoal diplomático devido à deterioração da situação de segurança no Iêmen, informou nesta segunda-feira o Ministério das Relações Exteriores.
O embaixador japonês no Iêmen, Katsuyoshi Hayashi, e outros quatro funcionários da missão diplomática deixaram ontem o país do Oriente Médio com destino à capital do Catar, Doha, onde estabelecerão suas operações.
O ministro porta-voz do Executivo japonês, Yoshihide Suga, explicou hoje em entrevista coletiva que "a situação de segurança no país é extremamente grave".
No último mês, os houthis ampliaram as áreas sob seu controle no Iêmen e, no último dia 6, dissolveu o parlamento e anunciou a formação de um conselho presidencial para governar o país interinamente por dois anos.