Hong Kong: estudantes ameaçam ocupar escritórios do governo
Estudantes pedem a renúncia do chefe executivo de Hong Kong, Cy Leung, e que sejam garantidas eleições para o novo líder da cidade
Um dos dirigentes da Federação de Estudantes de Hong Kong afirmou nesta terça-feira que o nível do protesto nas ruas da cidade será aumentado e que há planos para ocupar escritórios governamentais.
"Vamos aumentar a intensidade dos protestos desde o dia 2", na próxima quinta-feira, disse Chow Wing Hong, um dos secretários gerais da federação, em um discurso perante a imprensa junto a Chan Kin Man, confundador do movimento Occupy Central.
Perguntado sobre quais são os planos, Chow respondeu que "há planos de ocupar escritórios do governo", embora sem oferecer mais detalhes.
Ambos voltaram a pedir a renúncia do chefe executivo de Hong Kong, Cy Leung, e que sejam garantidas eleições para o novo líder da cidade, em 2017, plenamente democráticas.
"Estamos muito descontentes" com o que disse Leung, afirmou Chow à imprensa nos arredores da sede do governo local de Hong Kong, na zona de Admiralty.
Os convocadores do protesto esperam que este aumente em intensidade e em número de participantes durante as próximas horas, dado que amanhã é feriado de 1 de outubro, quando o governo chinês irá comemorar o 65° aniversário da chegada ao poder do Partido Comunista e a fundação da República Popular.
"Temos que resistir e temos as condições para fazer isso", manifestou Chan Kin Man.
O número de pessoas que permaneciam nas ruas para protestar de forma pacífica em favor de uma eleição totalmente democrática em 2017 reduziu drasticamente desde esta madrugada, mas aumentou de novo durante a tarde, aparentemente depois que muitos voltaram de seus empregos ou descansaram.
Segundo Chan, hoje começou a chegar ajuda médica a vários pontos do protesto e mais de dois mil voluntários ofereceram este mesmo tipo de auxílio.
Vários estudantes de Medicina voluntários disseram à Agência Efe que foram ao protesto para ajudar os cidadãos, embora sem assumir uma posição pelas reivindicações políticas dos manifestantes.
"Nos devemos manter neutros", afirmou um deles.
A tropa de choque usou spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra os manifestantes no fim de semana, mas até a noite de terça-feira os agentes haviam quase completamente se retraído do distrito central de Admiralty, exceto na área onde está a sede do governo.
Rumores davam conta entre os manifestantes de que a polícia pode estar preparando uma nova investida, já que o governo prometeu prosseguir com as celebrações do Dia Nacional.
“Muitas pessoas poderosas da China continental virão para Hong Kong. O governo de Hong Kong não quer ver isso, então a polícia deve fazer algo”, disse Sui-ying Cheng, de 18 anos, uma caloura da Escola de Educação Profissional e Contínua da Universidade de Hong Kong, sobre o feriado do Dia Nacional.
“Não estamos com medo. Vamos ficar aqui hoje à noite. Hoje à noite é o mais importante”, disse ela.
Os manifestantes devem ampliar a escala dos protestos na quarta-feira para coincidir com as celebrações do feriado.
“Eu não sei o que a polícia ou o governo vão fazer comigo, mas eu tenho 100 por cento de certeza que eu estarei lá (à noite), disse Ken To, um gerente de restaurante de 35 anos, falando no distrito residencial de Mong Kok.
“Nós (cidadãos de Hong Kong) não queremos apenas dinheiro. Queremos nossos filhos, nosso futuro, nossa educação”, disse ele.
A China governa Hong Kong sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que garante à ex-colônia britânica um grau de autonomia e liberdades que não são desfrutadas na China continental, tendo estabelecido o sufrágio universal como uma meta eventual.
China reitera apoio ao governo local
A China assegurou que o governo de Hong Kong tem seu inteiro apoio na gestão das manifestações “ilegais” que ocorrem no território sob administração chinesa. “Apoiamos inteiramente o governo da região autônoma especial de Hong Kong para resolver o problema”, declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.
A ratificação da posição de Pequim foi divulgada depois de o chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, exigir nesta terça-feira o fim imediato das manifestações. O governo chinês já havia declarado apoio ao Executivo de Hong Kong na semana passada.
Os ativistas pró-democracia prometeram ocupar o centro da cidade até que o governo central chinês concorde com as reformas políticas prometidas após a integração da ex-colônia britânica, em 1997, ao território chinês.
“Certos países fizeram declarações sobre o tema”, disse a porta-voz da diplomacia chinesa, acrescentando que “os assuntos de Hong Kong fazem parte das questões internas chinesas”. “Nós pedimos às partes externas moderação e que não interfiram de maneira nenhuma”, acrescentou Hua Chunying.
Londres pediu a abertura de conversas “construtivas” e Washington pediu calma às autoridades e aos manifestantes.
Com informações da EFE, Reuters e Agência Brasil.