Indonésia 'prepara caixões e soldados' para execuções
Segundo jornais locais, mil soldados foram enviados à ilha prisional onde brasileiro aguarda no corredor da morte; datas para execuções não foram anunciadas
A Indonésia intensificou os preparativos para a execução de prisioneiros condenados à morte ao encomendar caixões e enviar soldados à ilha onde as sentenças deverão ser cumpridas, informou a imprensa local.
Onze prisioneiros estão entre os presos a serem executados, incluindo o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, preso em julho de 2004 após tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe.
Nenhuma data foi anunciada para as execuções, que são por fuzilamento. Mas, segundo o jornal Jakarta Post, as sentenças deverão ser cumpridas "nos próximos dias".
Ao menos 10 caixões estariam prontos, informou o jornal, citando um representante de uma funerária em Cilacap que disse ter atendido pedidos anteriores de execuções na ilha prisional de Nusakambangan.
"Eles estão prontos como foram pedidos", disse o representante Suhendro, segundo a reportagem.
Ele disse não saber quantos presos seriam executados mas que, com base no pedido, 10 pessoas receberiam a pena, disse o Jakarta Post. O funcionário notou que um dos caixões era significativamente maior que os outros.
O chefe da polícia de Cilacap, citado pelo jornal, confirmou que os caixões são parte dos preparativos para as execuções e que "tudo está preparado".
Cerca de mil soldados foram enviados para Nusakambangan para garantir a segurança da ilha durante as execuções e centenas de militares patrulham as águas ao redor da ilha, informou o Jakarta Post.
Angelita Muxfeldt, prima de Rodrigo que está na Indonésia, disse à BBC Brasil que a presença de soldados e autoridades se intensificou nos últimos dias na ilha e em Cilacap.
A família do brasileiro aguarda uma resposta oficial ao pedido de transferência dele para um hospital psiquiátrico após um diagnóstico de esquizofrenia.
Impasse diplomático
Além do brasileiro, cidadãos de Austrália e França também estão entre os prisioneiros a serem executados. A questão gerou um impasse diplomático entre os governos da Indonésia e destes países.
A presidente Dilma Rousseff recusou temporariamente na semana passada as credenciais do novo embaixador indonésio no país, Toto Riyanto, dizendo que a entrega dos papéis diplomáticos será adiada até que tenha "clareza sobre as relações com a Indonésia".
Em resposta, a Indonésia convocou de volta seu representante no Brasil. O governo brasileiro já havia convocado seu embaixador na Indonésia após a execução do carioca Marco Archer Cardoso Moreira, em janeiro.
Autoridades australianas também lançaram uma intensa campanha diplomática em defesa de Myuran Sukumaran e Andrew Chan, líderes do grupo de tráfico de drogas conhecido como "Os Nove de Bali". Eles foram presos em Bali em 2005.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, causou polêmica ao dizer que a Indonésia deveria lembrar a ajuda humanitária de US$ 780 milhões que o país recebeu da Austrália após o tsunami de 2004.
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, disse nesta semana que nações estrangeiras não devem interferir no direito de seu país de aplicar a pena de morte. Ele afirmou ainda que as execuções não serão adiadas.
A Indonésia tem uma das mais severas legislações contra o tráfico de drogas do mundo. As execuções pelo crime foram retomadas em 2013 após uma moratória de quatro anos e o novo presidente tem adotado uma postura dura sobre o assunto, rejeitando pedidos de clemência.