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Ásia

Isolamento impede acesso a vítimas nas Filipinas, diz brasileira

12 nov 2013 - 14h05
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A dificuldade de acesso às vítimas e outros problemas logísticos estão prejudicando a assistência aos afetados pela passagem do tufão Haiyan, que atingiu as Filipinas na sexta-feira causando até 10 mil mortos, segundo estimativas.

A vice-chefe da delegação do Comitê da Cruz Vermelha Internacional nas Filipinas, a brasileira Graziella Leite Piccolo, classificou a situação como "avassaladora".

"Não existe luz, conexão de telefonia e agora até mesmo os geradores elétricos das tendas dos hospitais emergenciais estão deixando de funcionar, pois não há gasolina ou diesel para alimentá-los", disse à BBC Brasil a brasileira que desde 2011 supervisiona operações de auxílio a vítimas de desastres naturais no país.

Filipinas  
Capital Manila
População 100 milhões
Área 300 mil km² (7 mil ilhas)
Média de idade 23 anos
Religião 80% católicos
 

"Ainda não conseguimos alcançar os mais necessitados nas áreas mais remotas", afirmou. "Estamos com 11 caminhões em Tacloban (uma das cidades mais afetadas) que ainda não foram completamente distribuídos por conta da dificuldade de locomoção."

"A dimensão desse desastre é dramática; o número de mortos e desabrigados é altíssimo. Há lugares onde a destruição deixada pelo tufão é alarmante."

Ao anunciar nesta terça-feira uma campanha mundial para arrecadar US$ 301 milhões para ajudar as vítimas do Haiyan, a chefe de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, admitiu que problemas logísticos estão atrapalhando a ajuda às vítimas.

Nova tempestade

A ONU acredita que mais de 11 milhões de pessoas foram afetadas pela passagem do Haiyan e que 673 mil tiveram que deixar suas casas nas Filipinas.

O relato das vítimas revela a gravidade da situação. As ruas estão com corpos em decomposição e há pressa em enterrar os mortos em valas comuns. Faltam água, comida e alimentos.

Após uma onda de saques, não há mais de onde conseguir recursos, e os sobreviventes adotam medidas extremas, como filtrar água suja das poças com camisetas de algodão.

A Cruz Vermelha possui mantimentos e água potável para sustentar até 5 mil famílias por três dias nesta área do país, mas boa parte desses recursos ainda não foi totalmente disponibilizada às vítimas pela falta de acesso a elas.

A passagem pelas Filipinas de uma nova tempestade, Zoraida, também causa temores de que ocorram novos estragos e ainda mais atrasos na chegada de ajuda às vítimas do Haiyan.

A depressão tropical está passando pelo sul do país, provocando chuvas em algumas regiões afetadas pelo tufão, mas perdeu força nas últimas horas.

'Mesmas desgraças'

O aeroporto da ilha de Cebu (também fortemente atingida) está operando, e agora a organização vai tentar levar por avião com ajuda às ilhas de Samar e Leyte, pois o mau tempo impede a navegação em regiões vizinhas.

Connor Fyans, engenheiro de campo da WFP, Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, disse à BBC Brasil que não há nem mesmo estrutura para as ONGs e organizações de auxílio estabelecerem bases operacionais.

"Os agentes que conseguiram chegar a Tacloban estão morando em tendas improvisadas e sofrem as mesmas desgraças que as vítimas do tufão."

"O engarrafamento logístico é a conexão entre Cebu e Leyte, somente aviões militares transitam por ali no momento", explicou.

Família

A assistente social filipina Marge Pinton é natural da ilha de Cebu. Ela vive na capital da ilha, a cidade de Cebu, mas sua família está no interior, na cidade de Bogo, no norte.

O telhado da casa deles foi destruído pelo tufão e agora eles estão desabrigados, lutando para sobreviver.

"Minha avó, Teriyan Pagobo, tem 75 anos e está sem roupas e sem comida. Eu preciso ajudar a todos, mas tenho vontade de largar tudo e ir cuidar dela antes", diz.

Pinton conta que a família precisa caminhar vários quilômetros até o poço de onde consegue obter uma água suja, que depois é fervida num fogareiro improvisado.

"Meu tio leva horas para ir buscar água e precisa esperar com os vizinhos para conseguir receber algo de comer. As plantações foram arrasadas e os animais morreram. Eles não têm como se manter sozinhos e estão passando fome".

No sábado ela foi até a casa dos parentes e ficou chocada com a extensão da destruição pelas ruas. O trajeto, que normalmente levava três horas, precisou de seis horas para ser concluído. "Estava tudo no chão, não sobrou nada."

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