Japão, cauteloso com Coreia do Norte, trabalha para garantir infraestrutura após ataque
O Japão, temendo ser um alvo fácil de possíveis ciberataques vindos da Coreia do Norte após a invasão da Sony Pictures, começou a trabalhar para garantir que sua infraestrutura básica esteja a salvo e formular uma resposta diplomática, disseram autoridades.
A invasão da unidade norte-americana da Sony Corp, com sede em Tóquio, tem sido vista no Japão em grande parte como um problema americano, mas as autoridades disseram que o governo agora está agindo ativamente para enfrentar a questão depois que o presidente Barack Obama culpou a Coreia do Norte e prometeu responder "em um lugar, tempo e maneira que nós escolhermos".
Especialistas em ciberdefesa, diplomatas e políticos trabalharam no fim de semana no escritório do primeiro-ministro Shinzo Abe para lançar o esforço, disse um oficial envolvido no processo.
O governo está trabalhando para garantir que, em resposta a qualquer ameaça, suas funções básicas poderão continuar diante de qualquer ataque cibernético, mantendo serviços essenciais como a rede de energia elétrica, o fornecimento de gás e redes de transportes, disse o oficial, que se recusou a dar detalhes.
O Centro Nacional de Segurança da Informação do governo, trabalhando através de diversos ministérios, tem pressionando as empresas a melhorar sua segurança contra ciberataques, de acordo com as autoridades.
A diplomacia japonesa tem sido envolvida pelas acusações feitas pelo seu aliado, os Estados Unidos, de que Pyongyang estaria por trás do ataque cibernético que afetou a Sony Pictures - em meio à polêmica sobre o novo filme "A Entrevista", uma comédia que retrata uma trama ficcional para assassinar o líder norte-coreano Kim Jong Un.
Abe pode ser forçado a escolher entre apoiar Washington e manter as negociações com Pyongyang sobre os cidadãos japoneses sequestrados décadas atrás.
"O Japão está mantendo contato próximo com os Estados Unidos e apoiando o seu tratamento deste caso", disse o Secretário-chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga na segunda-feira, acrescentando que Tóquio está compartilhando informações com Washington.
Suga disse não ter visto nenhum efeito sobre as negociações de Tóquio com a Coreia do Norte sobre os sequestrados. Pyongyang negou qualquer participação no ataque à Sony.
Empresas do Japão também são vulneráveis, com uma classificação global de segurança de apenas 58,5 pontos em 100, de acordo com uma pesquisa deste ano feita pela empresa de segurança cibernética Trend Micro. Só as empresas de TI e provedores de Internet passaram a marca de 72 ou mais, enquanto os serviços de bem-estar, instalações médicas e redes de transporte e de infra-estrutura estavam notavelmente fracos.
(Reportagem adicional de Linda Sieg)