Mais de 60 mil curdos fogem para a Turquia em um único dia
O país se viu obrigado a abrir oito passagens fronteiriças para receber a multidão
Já são mais de 60 mil os refugiados curdos que entraram na Turquia vindos da Síria, desde a noite de ontem até a tarde deste sábado, fugindo dos ataques do Estado Islâmico (EI), informou o vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus, em entrevista coletiva.
Kurtulmus se dirigiu hoje até a província de Urfa, um dos pontos em que chegaram vários refugiados curdos, de onde falou com a imprensa. "Dou as boas-vindas aos que chegaram de Kobane (cidade que vem sendo alvo de ataques do EI durante a última semana). Espero que possam retornar a seus lares, o mais rápido possível. Os que chegaram à Turquia já são mais de 60 mil", declarou.
O número de refugiados foi crescendo ao longo do dia na medida em que os dados eram atualizados, e atingiu um número recorde desde o início da crise na Síria.
A Turquia foi obrigada na sexta-feira a abrir oito passagens fronteiriças para receber a avalanche de pessoas que fugiam das investidas do EI.
"Abrimos oito pontos da fronteira e 45 mil curdos sírios entraram na Turquia. Não há país no mundo, por mais rico que seja, que possa acolher 45 mil refugiados em uma única noite", declarou Kurtulmus durante a manhã de hoje.
Os refugiados foram amparados em diversos lugares, segundo Kurtulmus, que lembrou que a fronteira entre a Síria e a Turquia foi aberta ao meio-dia da sexta-feira para os curdos sírios que fogem dos crescentes ataques do EI.
Inicialmente, o plano do governo turco era oferecer socorro aos refugiados na parte síria de um único ponto da fronteira, mas "finalmente tivemos que abrir passagem ontem às 13h (horário local) quando o EI avançou cerca de 6 ou 7 quilômetros. Alguns se refugiaram com suas famílias, e outros se instalaram em edifícios públicos, escolas e tendas de campanha", explicou Kurtulmus.
Nos últimos dias, a tensão tinha crescido nas passagens fronteiriças até o ponto em que os curdos de localidades da Turquia próximas da fronteira exigiram a abertura da passagem para seus familiares, que se amontoavam do outro lado da cerca, e enfrentaram os militares lançando pedras, mas as tropas responderam com gás lacrimogêneo.