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Ásia

Por "amor decente", miss filipina cria site para transexuais

Modelo diz que iniciativa combate ideia de que transgêneros são objetos sexuais

8 jul 2015 - 19h57
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Uma transgênero das Filipinas, que ganhou um dos principais concursos de beleza do conservador país católico, criou com o namorado um site que promete "amor decente" para pessoas que mudaram de sexo. A página (mytransexualdate.com) tem como objetivo combater a ideia de que transgêneros são objetos sexuais.

Maki Gingoyon, de 25 anos, conta que tudo o que mais queria era a aceitação de sua mãe
Maki Gingoyon, de 25 anos, conta que tudo o que mais queria era a aceitação de sua mãe
Foto: WenWen Zaspa / BBC

Maki Gingoyon, 25 anos, conta que, quase sempre que dizia ser transgênero, no início de uma relação, gerava duas reações: rejeição imediata ou propostas indecentes. "Queriam saber se eu tinha pênis, se aceitava ser filmada", disse ao programa Outlook, do Serviço Mundial da BBC.

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Para evitar esse tipo de incidente, Maki, que ganhou o concurso de Rainha da província de Cebu em 2010 usando o nome de Eve Mercedez, entre outras competições de beleza do país, iniciou as atividades do site. "O que eu quero com isso? Um site decente para minhas irmãs transexuais".

Pressão

Maki nasceu um menino em Manila, capital das Filipinas. Morava com os avós em uma casa com outros membros da família.

Em seu site pessoal, ela conta que não é operada, ou seja, "sou uma mulher transsexual que prefere não se livrar de meus genitais masculinos (...), mas, claramente, isso não tem nada a ver com minha identidade de gênero. Pois, em meu  coração, em minha alma e em minha mente, sou uma mulher e me identifico como tal".

Na entrevista à BBC, ela conta como sua infância foi marcada pela feminilidade.

Depois de vencer concursos de beleza nas Filipinas, Maki fundou site de namoro especializado
Depois de vencer concursos de beleza nas Filipinas, Maki fundou site de namoro especializado
Foto: WenWen Zaspa / BBC

"Estava sempre com minha mãe e observava sua feminilidade. Eu queria usar saias, ter cabelos longos. Mas sabia que não podia porque nasci com o órgão reprodutor masculino, e isso me definia como do sexo masculino naquela época", lembra.

A pressão para que ela confirmasse sua identidade masculina era grande. "Estava rodeada por figuras masculinas em casa (tios e primos). Os homens da minha família eram muito impositivos em relação à masculinidade. Eu me lembro que sempre organizavam lutas de boxe e queriam que brigássemos o tempo todo", disse.

Ela ainda mora na casa onde cresceu. "Era muito bonito ou bonita, menino ou menina. Ia à igreja todos os domingos", disse uma tia à repórter da BBC Aurora Almendral. "Queria dançar como as Spice Girls", disse um primo.

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Maki sofria pressão da família para se comportar como um menino e tentava manter o que via como sua verdadeira identidade em segredo. "Eu me fechava no quarto dos meus avós e dançava com lençóis e saltos".

Na adolescência, ela conta que concluiu que nunca poderia ser uma mulher, teria de ser um homem gay e começou a sofrer depressão.

"Minha mãe dizia que, se eu virasse gay, não queria mais me ver. Eu sentia muito medo. Via os meninos gays sofrendo bullying. Imagine um menino de 11 anos sob esse tipo de pressão", lembra.

Os anos se passaram e Maki decidiu, finalmente, que iniciaria um processo para mudar de sexo. A transição foi, inicialmente, secreta, com tratamento à base de estrogênio.

"Ninguém sabia até que notaram que meus seios cresciam. Finalmente, minha mãe começou a me apresentar com saias. Não me importava com mais ninguém. Se minha mãe me aceitava, estava satisfeita", disse.

Ela conta que começou, então, a disputar concursos de beleza e a ganhar um após o outro até vencer o concurso nacional das Filipinas.

O site, explica Maki, define, no perfil dos participantes, diferentes facetas de uma transgênero: se já foi operada, se está no processo pré-operatório ou se, como muitos, não pretende passar por uma operação de mudança de sexo.

Fonte: BBC Brasil
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