Número de mortos em terremoto no oeste da China chega a 589
Terremoto atingiu a província de Yunnan, no sudoeste do país, no último domingo
O terremoto que atingiu o sudoeste da China no domingo passado deixou ao menos 589 mortos, revela o último boletim das autoridades, divulgado nesta quarta-feira.
"No total, 589 pessoas morreram e nove estão desaparecidas" com o terremoto registrado em uma zona montanhosa da província de Yunnan, informou o ministério de Assuntos Civis.
De acordo com a agência oficial "Xinhua", entre as vítimas, 504 se encontravam no condado de Ludian, o mais afetado pelo terremoto de 6,5 graus na escala Richter que atingiu a região no último domingo. O distrito citado se encontra na província de Yunnan, onde ainda há nove pessoas desaparecidas e outras 1.300 hospitalizadas.
"As primeiras 72 horas após um desastre são fundamentais", disse o diretor da agência de assistência aos desastres do Ministério de Assuntos Civis da China, Pang Chenmin, pouco antes do registro do milagre do dia: o resgate de uma mulher de 50 anos que passou mais de 67 horas presa entre os escombros.
A mulher em questão, identificada como Liao Tengcui, apresenta ferimentos na cintura, na cabeça e também não consegue mover a perna esquerda, embora estivesse consciente no momento em que foi resgatada em uma zona próxima ao epicentro do terremoto, segundo um membro da equipe de resgate internacional à "Xinhua".
Além disso, dois octogenários da cidade de Babao, também situada próximo ao epicentro, se mostravam em condições estáveis após serem resgatados mais de 50 horas depois do desastre.
O tremor - de 6,5 graus segundo a Agência de Terremotos Chinesa e de 6,1 para o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS) - aconteceu em uma área montanhosa de 266 mil habitantes, uma zona 300 quilômetros ao norte de Kunming, a capital de Yunnan.
As autoridades chinesas mobilizaram 7 mil pessoas, incluindo 5 mil soldados, policiais e bombeiros, para as tarefas de resgate. O sudoeste da China, situado entre as placas tectônicas Euro-asiática e Indiana, sofre com frequentes terremotos.
Com o objetivo de assegurar o resgate de possíveis sobreviventes, levando em consideração a melhora das condições climáticas nas últimas horas, as autoridades chinesas aconselharam hoje os voluntários não profissionais a não entrarem na zona do terremoto para não atrapalhar a circulação das equipes.
No entanto, é muito difícil fazer com que os familiares atendam estas medidas, já que muitos se encontram nesta missão desde o momento do terremoto.
Entre eles, Wang Qiyong, de 32 anos e um dos sobreviventes, que se mostrava desesperado ao ser impedido de levar água e mantimentos aos seus pais no local do epicentro.
Com as provisões empacotadas em cima de sua motocicleta, Wang disse ao jornal "South China Morning Post" que as autoridades bloquearam o tráfego para dar prioridade às ambulâncias e aos caminhões de abastecimento médico.
"Esses caminhões não passam aí. Estou tentando salvar meus pais, mas não posso chegar até eles", lamentou o jovem em declarações ao jornal citado.
Além da restrição às áreas mais afetadas, o governo provincial pediu aos voluntários entrarem em contato com as autoridades, caso queiram efetuar doações, e para procurar grupos de caridade registrados oficialmente.
Por outro lado, as equipes médicas reclamam da falta de material para atender os feridos nos hospitais de campanha instalados nas zonas afetadas e alertam sobre a necessidade de transferir alguns deles para melhores centros médicos, já que muitos precisam passar por delicadas cirurgias.
Ontem, ao visitar a região da tragédia, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assegurou que os doentes mais graves serão transferidos e pediu para todas as equipes "não interromperem as buscas de sobreviventes e desaparecidos".
Diante do início da segunda fase do resgate, na qual é pouco provável achar sobreviventes devido à questão do tempo, as equipes seguem trabalhando contra o relógio e com melhores condições meteorológicas, mas ainda com medo de possíveis réplicas do terremoto.
As autoridades comunistas justificaram o grande número de mortos com base na fragilidade das construções, na pouca profundidade do terremoto - só 12 quilômetros - e na considerável densidade populacional da região, muito superior à média provincial, enquanto alguns residentes criticam a falta de investimento em Ludian, uma das regiões mais pobres de China.
Zhang Junwei, diretor da administração contra terremotos de Yunnan, afirmou hoje que a maioria das infraestruturas e lares da província não possui resistência contra terremotos e que isso "poderia ter produzido menos danos e menos mortes", como afirmou à "Xinhua".
Em Ludian, a zona mais devastada pelo tremor, cerca de 60% dos agricultores vivem com menos de US$ 1 por dia, quantia abaixo do umbral da pobreza (US$ 2 por dia, segundo o Banco Mundial), e muitas de suas casas são construídas com estruturas de barro.
Em 1974, um terremoto de 6,8 graus na mesma região matou 1,5 mil pessoas e em setembro de 2012, 80 pessoas morreram em dois terremotos em uma região montanhosa entre as províncias de Yunnan e Ghizhou.
Com informações da EFE e AFP.