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Ásia

O que se sabe sobre o programa nuclear da Coreia do Norte

15 abr 2017 - 19h21
(atualizado em 16/4/2017 às 13h22)
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O teste fracassado de um míssil norte-coreano após declarações de que o país estaria "preparado para responder a qualquer ataque nuclear" reforça uma das principais dúvidas da comunidade internacional: quão avançado estaria o programa nuclear da Coreia do Norte?

O desfile do "Dia do Sol", que comemora o nascimento do fundador do país, é o momento em que a Coreia do Norte exibe todo seu arsenal militar; o último aconteceu neste sábado
O desfile do "Dia do Sol", que comemora o nascimento do fundador do país, é o momento em que a Coreia do Norte exibe todo seu arsenal militar; o último aconteceu neste sábado
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

No sábado, o regime de Kim Jong-un o mostrou seu arsenal militar no desfile comemorativo do "Dia do Sol", o aniversário do nascimento do presidente fundador da nação, Kim Il-sung.

Em resposta à escalada de tensões com os Estados Unidos, que enviou um porta-aviões e um grupo tático para a península coreana, o militar Choe Ryong-hae, que acredita-se ser a segunda autoridade mais poderosa do país, disse que a Coreia do Norte está "preparada para responder uma guerra com uma guerra.

Na ocasião, o ministro de relações exteriores da Coreia do Sul disse, em um comunidado, que "Mostrar uma variedade de mísseis ofensivos na parada militar e ousar disparar um míssil balístico hoje é uma demonstração de força da Coreia do Norte que ameaça todo o mundo".

No entanto, um novo teste de míssil balístico falhou no país, segundo militares dos EUA e da Coreia do Norte. O míssil teria explodido segundos após ser lançado.

A Coreia do Norte conduziu cinco testes nucleares e uma série de lançamentos de mísseis, contrariando resoluções da ONU. O objetivo do país parece ser colocar uma ogiva nuclear em um míssil balístico intercontinental, que consiga atingir alvos ao redor do mundo.

Atualmente, acredita-se que a Coreia do Norte tenha mais de mil mísseis de capacidades distintas, incluindo os de longo alcance - que poderiam supostamente alcançar os Estados Unidos.

O programa de armas de Pyongyang teve grandes progressos nas últimas décadas - do foguete tático de artilharia em 1960 e 1970 aos mísseis balísticos de curto e longo alcance nas décadas de 1980 e 1990. E agora, um sistema de maior alcance está sendo pesquisado e desenvolvido.

Alcance dos mísseis

•             Curto alcance: 1 mil km pelo menos

•             Médio alcance: 1.000 - 3.000 km

•             Alcance intermediário: 3.000 a 5.500 km

•             Alcance intercontinental: mais de 5.500 km

Fonte: Federação Americana de Ciências

Mísseis de curto alcance

O programa de mísseis da Coreia do Norte começa com os Scuds, que chegaram até eles pela primeira vez pelo Egito em 1976. Já no ano de 1984, os norte-coreanos estavam construindo sua própria versão do míssil, denominado Hwasong.

Coreia do Norte está pronta para guerra, diz Kim Jong-Un:

Acredita-se que haja uma variedade desses mísseis de curto alcance - que poderiam alcançar alvos mais próximos, como a vizinha Coreia do Sul.

As relações entre as duas Coreias são tensas e se mantêm, tecnicamente, em constante alerta de guerra. Os Hwasong-5 e Hwasong-6, também conhecido como Scud-B e Scud-C, contam com alcances de 300 e 500 km respectivamente, segundo o Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas dos Estados Unidos.

Esses mísseis transportam cabeças explosivas tradicionais, mas também podem ter cabeças com capacidade biológica química ou nuclear. Ambos os mísseis já foram testados e utilizados - inclusive, o Hwasong-6 já foi vendido ao Irã.

Mísseis de médio alcance

A Coreia do Norte lançou um programa especial ao fim da década de 1980 para construir um míssil de médio alcance conhecido como Nodong - que tem um alcance de mil quilômetros. O míssil foi desenhado com base no Scud, mas é 50% maior e com um motor mais poderoso.

Em uma análise de abril de 2016, o Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, que tem base em Londres, disse que esses mísseis poderiam comprovadamente alcançar a Coreia do Sul e até mesmo o Japão.

O Instituto avaliou também que uma variante dele desenvolvida em outubro de 2010 poderia até alcançar 1,6 mil quilômetros, o que significava atingir as bases americanas na ilha de Okinawa, no sul do Japão.

Mísseis de alcance intermediário

A Coreia do Norte passou anos desenvolvendo mísseis Musudan, com os quais realizou vários testes em 2016. As estimativas sobre seu alcance são bastante diferentes. A inteligência de Israel afirma que eles alcançam cerca de 2,5 mil quilômetros, enquanto a Agência de Defesa de Mísseis dos Estados Unidos calcula que chegue a 3,2 mil quilômetros. Outras fontes dizem que pode alcançar até mesmo 4 mil quilômetros.

Segundo essas estimativas, mesmo o menor número de alcance do Musudan - que também é conhecido como Nodong-B - já é suficiente para que ele chegue à Coreia do Sul e ao Japão.

E em seu alcance maior, um desses mísseis pode chegar até a base militar americana em Guam, na Micronésia. Sua carga explosiva é desconhecida, mas estima-se que ela fique entre 1 e 1,25 toneladas.

Além disso, a Coreia do Norte afirma ter testado um "míssil balístico de médio a grande alcance", o Pukguksong, em agosto de 2016, lançado a partir de um submarino. No último mês de fevereiro, ela voltou a realizar testes desses mísseis, desta vez partindo da terra.

O governo da Coreia do Norte diz que usa combustível sólido, o que faz o lançamento dos mísseis ser mais rápido. O alcance deles, porém, ainda é desconhecido.

Mísseis multi-etapa

Um míssil multi-etapa é um míssil lançado em duas ou mais partes - ou "etapas"- e cada uma delas têm seus próprios motores e propulsores. O Taepodong-1, conhecido como Paektusan-1 na Coreia do Norte, foi o primeiro míssil multi-etapa do país, testado em 1998 como lançador espacial.

A Federação Americana de Ciências (FAS, na sigla em inglês), um centro de estudos independente, acredita que o Tapodong-1 estava composto em sua primeira etapa por um míssil Nodong e na segunda por um Hwasong-6.

Depois desse, veio o Paektusan-2, que também é um míssil de duas ou três etapas, mas com avanços significativos. Esses foram testados várias vezes na última década.

Seu alcance é estimado entre 5 mil e 15 mil quilômetros. O Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas coloca seu alcance máximo como sendo 6 mil quilômetros.

A Coreia do Norte se refere ao lançador do Taepodong-2 como "Unha", que significa galáxia, em coreano. Ele foi utilizado com êxito em fevereiro de 2016 para lançar um satélite.

Apesar de os lançamentos espaciais e os lançamentos de mísseis terem trajetórias distintas - e de os foguetes serem otimizados para um propósito diferente -, a tecnologia básica utilizada é a mesma. Isso inclui a estrutura, os motores e o combustível.

Se o Taepodong-2 tiver seu lançamento bem-sucedido, ele chegará ao alcance máximo estimado, o que significa que poderia ir até a Austrália e partes dos Estados Unidos - além de outros países dentro desse perímetro.

Mísseis balísticos intercontinentais

No discurso de Ano Novo, o líder norte-coreano Kim Jong assegurou que o país estava na etapa final de desenvolvimento de um míssil balístico intercontinental. Acredita-se que a Coreia do Norte esteja desenvolvendo seu míssil de maior alcance, conhecido como KN-08 ou Hwasong-13.

Um dos primeiros sinais de sua construção foi em setembro de 2016, quando o país provou um novo motor de foguete que poderia alimentar um míssil balístico intercontinental.

O Pentágono acredita que a Coreia do Norte tem ao menos seis KN-08, que podem alcançar a maior parte dos Estados Unidos. Acredita-se, inclusive, que o país conseguiu desenvolver uma versão melhorada, o KN-14.

Existe a possibilidade de a Coreia do Norte estar muito perto de desenvolver um míssil de grande alcance nuclear. Pyongyang afirma ter miniaturizado ogivas nucleares para usá-las em mísseis, mas especialistas dizem duvidar, por falta de provas.

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