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Ásia

ONG chinesa pede que Ivanka Trump interceda no caso de três ativistas detidos

16 jun 2017 - 05h08
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O grupo China Labor Watch (CLW) pediu para Ivanka Trump que ajude três de seus ativistas detidos quando examinavam as condições de uma fábrica de calçados que produz para a sua marca, mas ainda não foram respondidos, lamentou a ONG, dedicada a denunciar casos de exploração trabalhista.

"Estamos muito decepcionados por não ter recebido sua resposta", disse o diretor da China Labor Watch, Li Qiang, em um comunicado enviado ontem à noite, ao lado da cópia da carta enviada no último dia 6 para a filha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Na carta, a CLW explica que os ativistas, Li Zhao, Su Heng e Hua Haifeng, estão detidos e isolados desde o final do mês passado, acusados de fotografar e gravar sem permissão imagens de uma fábrica que abastece a marca de sapatos de Ivanka Trump, onde tinham entrado como funcionários para investigar suas condições.

A CLW, com sede em Nova York, denunciou que a fábrica, que também produz para outras marcas estrangeiras, violava os direitos dos trabalhadores com horas extras forçadas, renda inferior ao salário mínimo legal e abuso verbal, entre outros problemas.

"Nos últimos 17 anos, a CLW fez centenas de investigações em fábricas, mas esta é a primeira vez que os nossos investigadores se enfrentam acusações criminais, e pensamos que o caso diz respeito a fábricas relacionados com a sua marca", diz a carta, se referindo a filha de Donald Trump.

"Gostaríamos que a senhora usasse sua influência para pedir a liberdade dos nossos investigadores", pedem para Ivanka Trump.

Os três detidos se encontram em dependências policiais de Ganzhou (província de Jiangxi) e segundo a CLW, não sofreram abusos durante as mais de duas semanas que passaram privados de liberdade.

Li Qiang também pediu para que Ivanka Trump, em comunicado que acompanha a carta, que ela faça pressão para "melhorar as condições de trabalho nas fábricas relacionadas com sua marca".

Por outro lado, a esposa de um dos detidos, Hua Haifeng, publicou ontem uma carta - rapidamente censurada nas redes sociais chinesas - onde denuncia ter sido interrogada por até quatro horas, além de ameaças e perseguições.

"Eu me senti apavorada, assustada, preocupada e desamparada", lamenta a mulher, Deng Guilian, denunciando estar em uma situação semelhante à prisão domiciliar, pelo simples fato de ser a esposa de um investigado, algo que ocorre frequentemente com familiares de ativistas e dissidentes.

Deng disse que instalaram câmeras de segurança perto de seu domicílio, e que policiais vigiam durante a noite as imediações da sua casa: "Não sei que vou acabar em uma clínica psiquiátrica antes que Hua volte pra mim", afirma.

A imprensa chinesa disse na semana passada que os três detidos são suspeitos de uma possível "venda de segredos industriais para o exterior".

EFE   
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