Quatro anos após terremoto, abalos secundários ainda atingem o Japão
Quatro anos após um terremoto de magnitude 9 abalar o norte e leste do Japão, a região continua sendo afetada por tremores a uma taxa acima do dobro da média da década antes do desastre, de acordo com um relatório divulgado nesta semana pela Agência Meteorológica do país.
Nos últimos 12 meses houve um total de 737 tremores de pelo menos o nível "1" na escala de intensidade japonesa (de 1 a 7), na região do terremoto de 2011, que se estende por mais de 500 quilômetros, indo dos subúrbios a leste de Tóquio até a costa nordeste, na ponta norte da ilha principal do país, Honshu. De 2001 a 2010, segundo os dados da agência, a média anual foi de 306.
A agência alerta que ainda há risco de grandes abalos na região, que inclui a área da usina nuclear de Fukushima, destruída pelo terremoto seguido de tsunami.
Os cientistas dizem que, embora os tremores estejam ficando mais fracos, os números ainda preocupam. Só no mês passado houve 64 sismos de magnitude 4 ou superior na área do sismo de 2011. A escala japonesa registra a intensidade do tremor na superfície, de modo que o nível "1" é levemente sentido e às vezes nem é percebido. A magnitude mede a quantidade de energia liberada por um terremoto.
"Em geral, quando há um grande número de pequenos tremores isso significa que é mais provável que ocorra um bem maior", disse Shinji Toda, professor do Instituto de Pesquisa Internacional da Ciência do Desastre, da Universidade de Tohoku, em Sendai. "É claro que não podemos dizer quando."
Embora o relatório tenha como foco o nordeste do país, todo o Japão é efetivamente uma zona do terremoto, onde três placas tectônicas se cruzam, gerando cerca de um quinto dos sismos de magnitude acima de 6. Em novembro, um tremor de magnitude 6,8 abalou a localidade de Nagano, na região central do país, ferindo 13 pessoas.
Toda disse que áreas como Fukushima e a região de Akita, no noroeste – fora da área atingida diretamente pelo terremoto de 11 de março – ainda estão sentindo o impacto. "Há a possibilidade de que alguns desses abalos continuem por cem anos", disse.