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Ásia

Sopa de barbatana de tubarão causa indignação entre ecologistas

8 jun 2011 - 13h47
(atualizado às 14h18)
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Os clientes dos restaurantes de Hong Kong se deliciam com a sopa de barbatana de tubarão, uma iguaria característica das classes sociais mais favorecidas e que vem causando irritação entre os defensores da natureza.

Uma atendente coloca a sopeira fumegante sobre a mesa e depois serve cada porção com cuidado aos clientes. "Vem com um monte de coisas boas", afirma Lisa Lau, que comemora seu aniversário ao lado de amigos no restaurante. "Na cultura chinesa, quando uma família se reúne ou quando queremos receber bem os amigos, comemos algo especial. Na maioria dos casos, o prato escolhido é a sopa de barbatanas de tubarão", explica.

Para uma mesa ocidental, a iguaria nada tem de especial: um líquido pegajoso e sem graça, tendo como um único sabor o da salsa que o acompanha.

Mas para os chineses, a barbatana de tubarão é uma experiência culinária fora do comum, e o sabor é o que menos importa.

Como o prato custa caro, consumi-lo ou oferecê-lo a parceiros de negócios, familiares ou amigos garante status social, um elemento chave na cultura chinesa.

"Os banquetes importantes, em particular os casamentos, incluem a sopa. Isso é muito importante para a classe média, que pode mostrar, assim, à sociedade que também pode se servir o prato", explica Veronika Mak, antropóloga da Universidade de Hong Kong.

O tamanho e o aspecto da barbatana é o que importa na preparação da sopa. As dorsais são mais caras que as ventrais ou peitorais, mas a cauda também é bastante apreciada, segundo os vendedores. As partes do tubarão-tigre são as mais procuradas.

De acordo com a medicina tradicional chinesa, comer barbatanas fortalece a saúde e os ossos.

No restaurante Fung Shing, responsável pelo preparo de 200 kg de barbatanas por semana, uma sopa para 12 pessoas custa US$ 1.080 de Hong Kong (95 euros).

"Se você organiza um banquete, é falta de etiqueta não oferecer a sopa de barbatana", afirma Tam Kwok King, dono do estabelecimento.

Na cozinha, as barbatanas secas são colocadas na água por horas, até que fiquem com uma aparência pegajosa, quando são colocadas numa panela com especiarias e temperos. Depois, elas são transferidas para a sopa, que será cozinhada em fogo baixo por cerca de quatro horas, até que as barbatanas fiquem transparentes e reduzidas.

O prato desperta a indignação dos defensores da natureza. Eles lembram que os pescadores cortam as barbatanas dos tubarões ainda vivos que, assim, morrem no mar por não poderem mais nadar.

O sucesso desta sopa entre os chineses provoca a drástica redução da população de tubarões, predadores que desempenham papel chave na cadeia alimentar submarina, salientam os ecologistas.

"A maioria dos meus amigos pensa que consumir as barbatanas de vez em quando não representa um problema. Mas é o consumo ocasional que leva numerosos barcos a caçar tubarões no mundo", afirma Silvy Pun, representante do Fundo Mundial da Natureza (WWF, na sigla em inglês), em Hong Kong. "Matamos um tubarão somente para consumir 2,5% dele quando são necessários dez anos para que ele alcance a maturidade", lamenta.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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