Taiwan: protestos contra China deixam feridos e presos
Pelo menos 36 pessoas ficaram feridas em Tawian em confrontos entre 2 mil policiais e milhares de manifestantes que protestavam contra um pacto de serviços com a China, que ocuparam no domingo à noite o edifício do governo e suas imediações. Os manifestantes que danificaram bens públicos foram detidos, explicou um comunicado da polícia, que não detalhou o número de prisões.
As forças de segurança começaram a dispersar os manifestantes nos arredores do Executivo e a expulsar quem tinha invadido as repartições públicas perto da meia-noite, mas não conseguiram seu objetivo até passadas as 5h (local, 18h de domingo em Brasília).
A polícia tirou um por um os manifestantes, que permaneciam sentados e agarrados entre eles, mas no final utilizaram canhões de água contra as últimas dúzias. Dirigentes do Partido Democrata Progressista, de oposição, como o ex-primeiro-ministro Franck Hsieh, foram atingidos pela água dos canhões ao se colocarem junto dos manifestantes.
O presidente taiwanês, Ma Ying-jeou, se reuniu com o primeiro- ministro, Jiang Yi-huah, o vice-presidente Wu Dun-yi e outros membros do governo para combater os protestos contra o pacto.
Dentro do parlamento, permanecem entrincheirados desde terça-feira cerca de 200 estudantes, e uns 2 mil fora, para mostrar sua oposição ao pacto que consideram "pouco transparente" e lesivo contra o emprego e a segurança nacional da ilha.
O acordo, que abre à China setores como imprensa e publicações, e a Taiwan finanças e outros setores, foi selado em junho e devido a oposição do Partido Democrata Progressista ainda não foi ratificado, apesar de o Partido Kuomintang (KMT), do governo, ter maioria absoluta.
Os estudantes, que contam com o apoio de grupos civis e do PDP, exigem a suspensão imediata do pacto com a China do trâmite parlamentar, uma legislação que procura intensificar a supervisão legislativa de futuros pactos com a China e a convocação de uma assembleia nacional constitucional para enfrentar a atual crise de país, entre outros pedidos.
O presidente Ma e o governante KMT aceitaram no domingo que o projeto seja revisado artigo por artigo, mas se negam a retirá-lo da pauta e afirmam já existir medidas de supervisão legislativa dos acordos com a China.
A invasão do executivo foi o início da expansão do protesto e mostrou tanto a falta de segurança dos edifícios oficiais e a fraqueza da proteção policial como a força e boa coordenação pelas redes sociais dos manifestantes.
Os estudantes fizeram uma convocação de greve e vários departamentos universitários declararam a intenção de cancelar as aulas, mas o ministro da educação qualificou hoje a medida de "inadequada" e exigiu que sejam aplicadas as normas e castigos aos estudantes que faltarem.
O presidente Ma Ying-jeou, eleito para o segundo mandato em 2012, mantém um apoio popular de apenas 10% segundo as últimas pesquisas, e enfrenta também oposição dentro de seu próprio partido.