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Ásia

Zeitgeist: 1ª crise nuclear da Coreia do Norte é de 1994

EUA cogitaram ação militar contra país asiático, mas a intervenção do ex-presidente Jimmy Carter levou a acordo com o regime de Kim Il-sung.

4 mai 2017 - 13h50
(atualizado às 15h34)
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Os Estados Unidos estiveram muito perto de uma guerra com a Coreia do Norte em junho de 1994, por causa do programa nuclear do país asiático. Segundo declarações de antigos funcionários do Pentágono, o governo do presidente Bill Clinton cogitou a hipótese de atacar um pequeno reator nuclear em Yongbyon para impedir o desenvolvimento de armas nucleares.

Kim Il-sung era o líder da Coreia do Norte durante a primeira crise, em 1994
Kim Il-sung era o líder da Coreia do Norte durante a primeira crise, em 1994
Foto: Deutsche Welle

Apesar de a opção ter sido levantada, ela não era a preferencial. Na avaliação do Pentágono, o ataque resultaria numa nova Guerra da Coreia e na morte de mais de 1 milhão de pessoas.

Robert Gallucci, que era o responsável por Coreia no Pentágono em 1994, contou anos mais tarde que, no momento em que Clinton e seus assessores avaliavam as opções, o telefone tocou. Do outro lado da linha estava o ex-presidente Jimmy Carter, que estava reunido em Pyongyang com o então líder coreano, Kim Il-sung.

Carter relatava que um acerto acabara de ser alcançado. Em seguida, Clinton e assessores viram Carter anunciar na CNN os termos do acordo que ele havia alinhavado com o líder norte-coreano, sem consultar antes o governo americano. Kim Il-sung (que morreria poucas semanas depois) concordava em congelar seu programa nuclear em troca de novos reatores de água leve, que não tinham condições de produzir plutônio altamente enriquecido, e petróleo.

Assim, a viagem de Carter a Pyongyang abriu caminho para a assinatura de um acordo bilateral, em outubro, no qual a Coreia do Norte concordava em abrir mão de produzir armas nucleares em troca de ajuda energética dos EUA, e encerrou uma crise que já durava 18 meses.

A implementação do acordo se mostrou bem mais difícil. Por causa da oposição do Congresso, os Estados Unidos nem sempre forneceram o petróleo prometido dentro do prazo. A construção de um dos dois novos reatores nucleares prometidos à Coreia do Norte só começou em agosto de 2002. O plano inicial previa que ambos estivessem funcionando em 2003.

Estados Unidos e Coreia do Norte logo começaram a trocar acusações, e as relações bilaterais, que deveriam se normalizar pelo plano inicial, foram piorando. Em outubro de 2002, já no governo de George W. Bush, uma delegação americana foi ao país asiático para confrontar os norte-coreanos com a acusação de que eles estariam enriquecendo urânio para a fabricação de bombas.

Em janeiro de 2003, a Coreia voltou a sair do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, no qual prometera se manter no acordo firmado por Carter. Em fevereiro de 2005, o país anunciou ter produzido armas nucleares. Em outubro de 2006, realizou seu primeiro teste nuclear.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.

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