Assassino em massa norueguês diz que ataques foram "necessários" em pedido de liberdade condicional
Anders Behring Breivik, assassino em massa preso que matou 77 pessoas na pior atrocidade em tempos de paz da Noruega, disse a um tribunal que seus ataques foram "necessários" ao pedir liberdade antecipada nesta terça-feira, mas um promotor disse que ele continua perigoso e não deveria ser libertado.
Em julho de 2011, o neonazista antimuçulmano matou oito pessoas com um carro-bomba em Oslo e depois assassinou 69 pessoas a tiros, a maioria adolescentes, em um acampamento de jovens do Partido Trabalhista na ilha de Utoeya.
Essa é a segunda tentativa de Breivik de obter liberdade condicional. Ele cumpriu 13 anos de uma sentença de 21 anos, a pena máxima na época de seus crimes, que pode ser estendida durante o tempo que ele for considerado uma ameaça à sociedade.
Em uma declaração de 45 minutos ao tribunal, muitas vezes desconexa, Breivik expressou brevemente arrependimento por suas ações, antes de descrever como foi tratado "como um animal" na prisão e como, caso fosse libertado, negociaria com o Estado para que seus partidários de extrema-direita parassem com seus ataques à sociedade, sem dar detalhes de quaisquer ataques específicos.
"Eu garanto que vocês não se arrependerão (de me libertar)", disse, ao tribunal. "Eu lhe dou a última chance de ter pena da extrema-direita"
Mais tarde, ao ser interrogado pela juíza Lena Fagervold, Breivik disse que "o dia 22 de julho foi necessário", referindo-se à data de seus ataques.
Breivik usava terno escuro, camisa branca e gravata marrom. Os dois lados de sua cabeça foram raspados para formar a letra "Z".
A letra "Z" tem sido um símbolo de apoio à guerra da Rússia na Ucrânia e, nesta terça-feira, Breivik descreveu o presidente russo, Vladimir Putin, como "o principal defensor dos europeus em todo o mundo".
Merete Stamneshagen, cuja filha Silje foi assassinada por Breivik em Utoeya, aos 18 anos, disse que Breivik não demonstrou sinais reais de arrependimento.
"Ele tem sua própria imagem da realidade", disse, à Reuters de uma sala do tribunal em Sandvika, um subúrbio de Oslo, onde os procedimentos estavam sendo transmitidos.
Ela acrescentou que sua tentativa de liberdade condicional, na sexta vez que Breivik compareceu ao tribunal, era difícil para os parentes das vítimas.
"Isso nos leva de volta a 2011... É um lembrete constante", disse. "(Mas) é assim que nosso sistema judiciário funciona e devemos respeitá-lo"
Mais cedo, a promotora Hulda Karlsdottir disse ao tribunal que Breivik não deveria ser libertado.
"Existe o perigo de Breivik cometer novamente crimes contra a vida e a saúde? O perigo é real", afirmou, acrescentando que um novo relatório de avaliação de risco concluiu que o risco de Breivik voltar a ser violento continua o mesmo.