Ataque a maternidade em Mariupol: entenda o 14º dia da guerra na Ucrânia
Primeira-dama ucraniana escreveu carta sobre conflito. Potências ocidentais temem uso de armas não-convencionais.
Nesta quarta (9/3), 14º dia da guerra na Ucrânia, um ataque atribuído à Rússia atingiu fortemente um hospital infantil e maternidade em Mariupol, cidade portuária no sudeste da Ucrânia.
Ao menos 17 pessoas ficaram feridas, incluindo funcionários e mulheres em trabalho de parto, disse Pavlo Krylenko, chefe da administração militar ucraniana, mas não havia registro de crianças entre as vítimas.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tuitou imagens relacionadas ao incidente e declarou: "Atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será cúmplice ao ignorar o terror?".
Mais tarde, Zelensky fez um pronunciamento em que pergunta "essa foi a desnazificação do hospital?", em referência à justificativa apresentada pelo presidente Vladimir Putin para invadir a Ucrânia.
Ele também disse que o ataque é a "prova final... de que o genocídio de ucraniano está ocorrendo".
A Organização das Nações Unidas pediu que cessem quaisquer ataques a unidades de saúde, hospitais, trabalhadores da saúde e ambulâncias. "Nada disso deveria ter sido alvo, nunca", afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz da entidade.
Foram contabilizados desde o início da guerra 18 ataques contra unidades de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O vice-prefeito da cidade, Serhiy Orlov, disse: "Nós não entendemos como é possível na vida moderna bombardearem um hospital infantil".
Sem zona de exclusão aérea
Os ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e do Reino Unido concederam entrevista coletiva em Washington e foram questionados sobre a possibilidade de estabelecer uma zona de exclusão aérea, como pede o presidente Zelensky.
Liz Truss, a chanceler britânica, declarou que a melhor maneira de proteger os ucranianos é continuar suprindo armamento antiaéreo.
A Otan e potências ocidentais resistem a adotar a medida porque representaria um passo em direção a um engajamento direto no conflito.
Chernobyl sem eletricidade
A energia foi cortada na usina nuclear de Chernobyl - que está desativada, mas ainda tem seus níveis de radiação monitorados por segurança. Duas semanas atrás, tropas russas tomaram o controle do local onde ocorreu o pior acidente nuclear da história.
Autoridades ucranianas dizem que o apagão na usina é responsabilidade da Rússia e representa um perigo para as atividades de supervisão dos protocolos de segurança.
A agência da ONU para energia atômica informou que não há grandes riscos porque o combustível nuclear ainda existente em Chernobyl não atinge uma temperatura alta o suficiente para um acidente acontecer.
Armas não-convencionais
Representantes de potências ocidentais expressaram preocupação quanto à possibilidade de a Rússia fazer uso de guerra biológica, armas nucleares de baixo alcance e bombas sujas (bombas que misturam material radioativo com explosivos convencionais) - consideradas estratégias não-convencionais em uma guerra.
A razão para a suspeita de que isso seja empregado no atual conflito se deve ao histórico da Rússia de recorrer a esse tipo de armamento - notadamente a guerra na Síria, em que Moscou auxiliou o ditador Bashar al-Assad.
Primeira-dama fala
Olena Zelenska, uma roteirista que se tornou a primeira-dama da Ucrânia, disse que a invasão russa representa "assassinato em massa" da população civil de seu país.
Uma carta foi publicada no site do presidente Zelensky em que ela descreve a morte de crianças ucranianas como "a mais terrível e devastadora" parte do conflito.
Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.