Ataque em mercado de Natal na Alemanha deixa 5 mortos e dezenas de feridos
Autoridades alemãs estão investigando um homem saudita com histórico de retórica anti-Islã como o principal suspeito de estar dirigindo um carro que avançou sobre pessoas em um mercado de Natal na cidade de Magdeburg, causando a morte de cinco pessoas, disseram autoridades neste sábado. O ataque, ocorrido na noite de sexta-feira contra visitantes do mercado, ocorreu em meio a um intenso debate sobre segurança e imigração durante campanha eleitoral na Alemanha, em um momento de força eleitoral da extrema direita. "Que ato terrível é ferir e matar tantas pessoas com tanta brutalidade", afirmou o chanceler do país, Olaf Scholz, na cidade do centro do país. Ele colocou uma rosa em uma igreja em memória das vítimas. "Sabemos agora que mais de 200 pessoas ficaram feridas", acrescentou. "Cerca de 40 estão feridas tão seriamente que devemos estar muito preocupados com elas." Um médico saudita que vive na Alemanha há quase duas décadas foi preso no local. A polícia realizou buscas em sua casa durante a noite. Ainda não se sabe a motivação para o ataque, e o suspeito não teve sua identidade revelada pelas autoridades. A imprensa alemã afirmou que ele se chama Taleb A. Um porta-voz de uma clínica de reabilitação de criminosos com vícios, na cidade de Bernburg, confirmou que o suspeito trabalhou como psiquiatra na empresa, mas que não dá expediente desde outubro, devido a doenças e férias. Em sua conta na plataforma X, que foi verificada pela Reuters, ele indicava apoio a partidos anti-Islã e de extrema direita, incluindo o Alternativa para a Alemanha (AfD). Ele também era crítico de como a Alemanha lidava com refugiados sauditas. A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, afirmou que a islamofobia do suspeito é clara, mas se negou a ligá-la diretamente à motivação do ataque. Taleb A deu várias entrevistas à imprensa em 2019, incluindo para o jornal alemão FAZ e a emissora BBC. Nelas, falou sobre seu trabalho como ativista que ajudava árabes sauditas e ex-muçulmanos a fugirem para a Europa. "Não existe um Islã do bem", disse ele na época. Uma fonte saudita disse à Reuters que o país alertou as autoridades alemãs sobre o suspeito após ele ter postado visões extremistas em sua conta na plataforma X, ameaçando a paz e a segurança. Ela afirmou que foram vários alertas desde que ele deixou a Arábia Saudita, em 2006. Uma avaliação conduzida por investigadores alemães concluiu no ano passado que Taleb A não significava "uma ameaça específica", informou o jornal Welt, citando fontes de segurança. Andrea Reis, que estava no mercado no momento do ataque, voltou ao local neste sábado com sua filha, Julia, para deixar uma vela na igreja em frente ao local. Ela afirmou que, por uma questão de segundos, não estava no trajeto do carro. "Falei 'vamos pegar uma salsicha', mas minha filha disse 'não, vamos ficar andando'. Se tivéssemos ficado ali, estaríamos no trajeto do carro", contou. Os Social-Democratas, de Scholz, estão atrás do AfD e dos opositores conservadores, que lideram as pesquisas de opinião, antes da eleição antecipada, marcada para 23 de fevereiro.