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Ataque israelense mais mortal até agora no centro de Beirute deixa cenas horríveis

25 nov 2024 - 13h53
(atualizado às 13h54)
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Ao atravessar as ruínas carbonizadas de seu bairro no centro de Beirute, a costureira libanesa Laila Amayrad observava as escavadeiras revirando um prédio destruído por um ataque israelense dias atrás, esperando que os corpos de seus amigos fossem encontrados.

O ataque maciço israelense atingiu o bairro densamente povoado de Basta Fawqa na capital libanesa, pouco antes do amanhecer do último sábado, matando pelo menos 29 pessoas, incluindo crianças, o bombardeio mais mortal na cidade no último ano.

Na tarde desta segunda-feira, mais de 48 horas depois, os funcionários da defesa civil ainda estavam escavando os escombros do prédio de oito andares, agora reduzido a uma vasta cratera.

Amayrad, uma mulher sardenta com um lenço vermelho na cabeça, viveu no bairro quase toda a sua vida. Com lágrimas nos olhos, contou que nove dos mortos eram amigos, vizinhos ou clientes e alguns deles estavam hospedando parentes deslocados pelos bombardeios israelenses no sul do Líbano.

"Eles vieram para cá para ficarem seguros, porque este bairro é seguro. Eu andava sozinha à meia-noite porque não há armas, nem combatentes, nada aqui", disse Amayrad à Reuters.

"E eles foram mortos apenas dormindo em casa, sem nenhum aviso. São os inocentes que estão perdendo suas vidas com isso."

As autoridades israelenses não comentaram sobre o ataque. Israel diz que tem como alvo o grupo armado libanês Hezbollah e que emite avisos de retirada para os civis a fim de minimizar os riscos para eles antes de um bombardeio. O governo israelense não emitiu um aviso de retirada antes do ataque a Basta Fawqa.

Amayrad ironizou dizendo que seria mais seguro morar nos subúrbios do sul de Beirute -- que já foi um bairro densamente povoado e reduto do Hezbollah -- do que em Basta.

"Pelo menos Israel emite avisos lá", disse.

Uma fonte de segurança libanesa disse que as avaliações preliminares mostraram que o ataque de 23 de novembro em Basta Fawqa usou uma bomba destruidora de bunkers. Amayrad e outro morador, Sherif Itani, que conheciam o prédio desde a infância, disseram que não havia nenhum bunker.

Outra residência com vários andares, dois prédios depois, foi atingida em 10 de outubro, também sem aviso. Dois ataques separados naquela noite no centro de Beirute mataram pelo menos 22 pessoas, tornando-se o ataque mais mortal antes de Basta ser atingido novamente.

Na tarde desta segunda-feira, um integrante da equipe de resgate coberto de poeira desceu da escavadeira por uma montanha de escombros e se sentou em uma cadeira de plástico para acender um cigarro, dizendo que duvidava que mais alguém fosse encontrado vivo.

Os socorristas disseram que o ataque foi o mais terrível em mais de um ano de ataques israelenses ao Líbano, que aumentaram drasticamente desde setembro. Os ataques israelenses mataram mais de 3.750 pessoas no último ano, segundo o Ministério da Saúde do Líbano.

O chefe da unidade de resgate no local, Hassan Yassin, disse à Reuters que uma cabeça sem corpo foi encontrada no sábado.

"Pegamos uma perna aqui, uma mão ali. Tiramos os corpos de três crianças ontem. Encontramos um casal de idosos mortos, ambos em cadeiras de rodas", disse Jaafar, um socorrista de 18 anos. "Foi a pior cena até agora."

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