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Ataque russo a hospital infantil e maternidade em Mariupol é crime de guerra, diz Zelensky

Foi divulgado que 17 pessoas ficaram feridas, incluindo funcionários e mulheres em trabalho de parto. Autoridades ucranianas divulgaram imagens de unidade de saúde nesta quarta-feira.

9 mar 2022 - 13h49
(atualizado em 10/3/2022 às 05h41)
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Imagem mostra destruição em hospital em Mariupol
Imagem mostra destruição em hospital em Mariupol
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Um ataque russo atingiu um hospital infantil e maternidade em Mariupol, cidade portuária no sudeste da Ucrânia, na quarta-feira (9/3), segundo autoridades ucranianas.

Não há relatos de mortes, mas pelo menos 17 pessoas ficaram feridas, incluindo funcionários e mulheres em trabalho de parto.

O presidente da Ucrânia acusou os russos de crimes de guerra.

"Alguém na maternidade abusou de falantes de russo? O que foi isso? Foi a 'desnazificação' do hospital?", diz Zelensky em vídeo gravado após o ataque. Ele fez referência às justificativas dadas por Putin para a invasão da Ucrânia: de que haveria abuso de russófonos no leste da Ucrânia e de que seria preciso "desnazificar" a Ucrânia.

"Já está além das atrocidades. Tudo o que os invasores estão fazendo com Mariupol já está além das atrocidades", diz Zelensky. "Hoje, devemos estar unidos na condenação deste crime de guerra da Rússia, que reflete todo o mal que os invasores trouxeram à nossa terra."

Ele diz que o ataque à maternidade é "prova final... de que o genocídio dos ucranianos está ocorrendo".

"Que tipo de país é a Rússia, que tem medo de hospitais e maternidades e os destrói?"

Zelensky publicou imagens aparentemente de dentro do hospital, que parecia bastante danificado.

Pavlo Kyrylenko, chefe da administração regional de Donetsk, que inclui a cidade portuária de Mariupol, disse que nenhuma morte foi confirmada e não houve feridos entre crianças. Ele disse que o ataque aconteceu durante um cessar-fogo acordado com o lado russo, segundo a Interfax Ucrânia.

Em um post no Facebook, a Câmara Municipal de Mariupol disse que "as forças de ocupação russas jogaram várias bombas no hospital infantil. A destruição é colossal".

Um parlamentar do país disse que "pessoas estavam sendo retiradas de destroços".

A Rússia havia concordado com um cessar-fogo de 12 horas de duração para a retirada de civis das seis localidades ucranianas mais atingidas pelos bombardeios, que é o caso de Mariupol.

A BBC conversou com o vice-prefeito da cidade, Serhiy Orlov, que disse: "Nós não entendemos como é possível na vida moderna bombardearem um hospital infantil".

Ele declarou que as pessoas que conseguiram escapar do local estão com "raiva total" e "não acreditam que isso seja verdade".

A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que cessem quaisquer ataques a unidades de saúde, hospitais, trabalhadores da saúde e ambulâncias. "Nada disso deveria ter sido alvo, nunca", afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz da entidade.

A Casa Branca condenou o uso "bárbaro" da força contra civis inocentes, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tuitou que "há poucas coisas mais doentias do que atacar os vulneráveis e indefesos".

Foram contabilizados desde o início da guerra 18 ataques contra unidades de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ataque russo atingiu um hospital infantil e maternidade em Mariupol
Ataque russo atingiu um hospital infantil e maternidade em Mariupol
Foto: Reprodução / BBC News Brasil

Mariupol tem 450 mil habitantes e é uma cidade importante na rota entre a Rússia e a Crimeia, região que pertencia ao território ucraniano e foi anexada em 2014.

Ao menos 1.170 civis morreram na cidade desde o começo da invasão, segundo o vice-prefeito. Orlov afirma que estão sendo abertas valas coletivas porque não há condição de enterrar os mortos da maneira adequada.

Pedido por zona de exclusão aérea

O presidente Zelensky, ao falar sobre o ataque ao hospital infantil, voltou a pedir que seja imposta uma zona de exclusão aérea para impedir mais bombardeios russos.

A Otan e potências ocidentais resistem a adotar a medida porque representaria um passo em direção a um engajamento direto no conflito.

Em um contexto militar, uma zona de exclusão aérea é decretada para impedir que aeronaves entrem no espaço aéreo proibido, geralmente para evitar ataques ou vigilância de uma região.

Isso pode significar ataques preventivos contra sistemas defensivos ou até mesmo derrubando aeronaves que entram na área restrita.

Uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia significaria que as forças militares — especificamente as forças da Otan — se envolveriam diretamente com qualquer avião russo avistado nos céus e o atacariam, caso fosse necessário.

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