Ataques de Israel ao Hezbollah aumentam, mas lados ainda não fazem uma guerra total
Tropas terrestres de Israel não entraram no Líbano, apesar de escalada de ataques aéreos e de inteligência; Hezbollah afirma que vai manter conflito, apesar de danos
Pagers explodindo na terça-feira. Walkie-talkies detonados no dia seguinte. Uma bateria intensa de mísseis na quinta. Nesta sexta, 20, um grande ataque no sul de Beirute.
Os ataques de Israel à milícia xiita radicada no Líbano Hezbollah nesta semana constituem uma escalada significativa na guerra do Oriente Médio, que dura 11 meses. Durante esse tempo, Israel e o Hezbollah travaram um conflito com baixa intensidade, concentrado na fronteira Israel-Líbano, e a situação se agravou sem nunca ser declarada a guerra total.
Israel segue agora um manual mais arriscado. A intensidade dos ataques para forçar o Hezbollah a recuar para dentro do Líbano aumentou, e na mesma proporção aumentou a chance do oposto - uma resposta mais agressiva do grupo - acontecer.
A espionagem israelense sabotou os dispositivos de comunicação do Hezbollah. Os caças atingiram o sul do Líbano com intensidade rara. Agora, avançam sobre Beirute, a capital libanesa, pela primeira vez desde julho. O resultado foi a morte de um comandante militar do alto escalão do Hezbollah, segundo as autoridades israelenses. Dois edifícios foram destruídos, disse o governo libanês.
Apesar da escalada, os dois lados parecem determinados a manter o equilíbrio que evita uma guerra mais ampla, pelo menos até a tarde desta sexta.
As ações de Israel foram inferiores ao que se pode considerar um golpe fatal no Hezbollah, mas serviram para humilhar o grupo e espalhar o horror pela sociedade libanesa. Até agora, no entanto, não conseguiram coagir a milícia a abandonar o conflito. O Hezbollah entrou na guerra em apoio ao grupo terrorista Hamas, depois que o Exército israelense começou os ataques na Faixa de Gaza por causa do ataque de 7 de outubro.
Em resposta às últimas operações, o Hezbollah lançou ataques de curto alcance no norte israelense nesta sexta. O líder do grupo, Hassan Nasrallah, prometeu continuar com as ofensivas até que Israel finalize o conflito em Gaza.
A milícia também prometeu uma resposta específica à explosão dos pagers e walkie-talkies, que mataram ao menos 37 pessoas e feriram outras milhares. Nenhuma data para a retaliação, no entanto, foi anunciada. A sinalização é de que o grupo ainda faz um balanço das perdas. Centenas de seus combatentes seguem em hospitais.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou esta semana que o conflito regional entrou em uma nova fase. Entretanto, não deu informações sobre invasões terrestres no Líbano.
O Exército de Israel afirmou que transferiu uma divisão de paraquedistas para próximo da fronteira, mas as posições atuais não indicam que estão prestes a um movimento terrestre, mesmo com mais ataques aéreos e espiões.
O momento atual do conflito, tanto no Líbano quanto na Faixa de Gaza, está preso no limbo: contra o Hezbollah, os combates parecem improváveis de diminuir sem cessar-fogo em Gaza; e as negociações para o cessar-fogo pararam de avançar com diferenças persistentes entre Israel e o Hamas.
As duas frentes também parecem longe de uma resolução militar. Apesar de todos os novos movimentos, Israel ainda parece estar distante de causar um ataque fatal no Líbano. E apesar de acabar com as forças do Hamas na Faixa de Gaza, também não conseguiu destruir o grupo por completo. Os terroristas mantêm dezenas de reféns em túneis do enclave e impedem Israel de declarar vitória.