Ataques do Irã: quais bases dos EUA foram alvo dos mísseis
O Irã disparou mísseis em duas bases americanas, incluindo uma que se assemelhava a uma 'cidade suburbana dos EUA'.
Pelo menos duas bases aéreas que abrigam tropas americanas no Iraque foram atingidas por dezenas de mísseis balísticos iranianos, segundo confirmou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
As bases de Ayn Al-Asad e Irbil foram atacadas nesta terça-feira (7). Segundo a Guarda Revolucionária do Irã, a ação foi uma retaliação à morte do principal líder militar do país, o general Qasem Soleimani, na sexta-feira.
O comandante iraniano foi morto em uma ação com drones ordenada pelo presidente americano, Donald Trump. Os ataques a Al-Asad e Irbil ocorreram poucas horas após o funeral de Soleimani. Não se sabe se há vítimas.
'Campo Cupcake'
A base aérea de Al-Asad é tão vasta que, após a invasão dos Estados Unidos, em 2003, havia cinemas, piscinas, restaurantes de comida fast food e não apenas uma, mas duas linhas internas de ônibus.
A estrutura foi construída na década de 1980 para as Forças Armadas iraquianas, no deserto, cerca de 160 quilômetros a oeste da capital, Bagdá.
No entanto, após a invasão dos EUA, tornou-se uma das maiores bases para as tropas americanas — e foi rapidamente transformada.
Em 2006, a BBC descreveu que a área fica no meio do deserto e é cercada por todos os lados por matagais e rochas.
"Ao entrar no setor americano, você encontra ruas muito melhores. De várias formas, eles tentaram recriar a estrutura de uma moderna cidade suburbana dos EUA."
As instalações eram tão impressionantes que algumas tropas americanas a apelidaram de Campo Cupcake.
Quando os EUA se retiraram da base entre 2009 e 2010, ela foi devolvida aos iraquianos. Mas, quando o Estado Islâmico ganhou o controle da Província de Anbar, a base foi atacada.
Em 2014, com a base cercada pelo Estado Islâmico, Quentin Somerville, correspondente da BBC, conseguiu acesso à área por meio de um avião militar iraquiano.
"Lembretes da ocupação americana estão por toda parte: projéteis de artilharia e alojamentos empoeirados, com pacotes de ração não consumidos espalhados pelo chão", relatou ele.
Depois que os EUA retornaram ao Iraque para combater o Estado Islâmico, a base foi protegida e reconstruída.
No entanto, com muito menos tropas, um aviador observou em 2017 que "a base oferece apenas uma fração dos confortos que já ofereceu".
Temor pela segurança
Em 26 de dezembro de 2018, o presidente Trump visitou tropas americanas na base.
"Os homens e mulheres baseados em Al-Asad tiveram um papel crucial na derrota militar do Estado Islâmico no Iraque e na Síria", disse ele.
Depois, no entanto, o presidente disse que temia pela segurança de sua esposa durante a visita.
Em novembro do ano passado, o vice-presidente Mike Pence também visitou a base.
No total, acredita-se que haja cerca de 1.500 soldados dos EUA e da coalizão em Al-Asad — 5 mil soldados dos EUA estão no país. Nesta semana, o Parlamento iraquiano votou para expulsar todas as tropas americanas — a decisão, no entanto, ainda depende de confirmação do primeiro-ministro, Adil Abdul-Mahdi.
Em resposta, Trump mencionou o custo da base aérea de Al-Asad. "Temos uma base aérea extraordinariamente cara que está lá", disse ele. "Custou bilhões de dólares para construir, muito antes do meu tempo (na Presidência). Não vamos embora, a menos que nos paguem por isso."
A outra base atacada foi em Irbil, capital da região (relativamente estável) do Curdistão.
Em setembro, o Exército dos EUA disse que ela abrigava "mais de 3.600 militares e civis de 13 nações diferentes".
A base é usada para treinar forças locais. No mês passado, o Comando Central dos EUA informou que as primeiras instrutoras militares da região haviam se formado em Irbil.
Quanto tempo os EUA permanecerão no Iraque, no entanto, é incerto. Nesta semana, o secretário de Defesa americano Mark Esper teve de vir a público negar que os EUA estavam retirando tropas do país.
Ele se referia a um comunicado entregue ao governo iraquiano informando a saída. Segundo Washington, o texto era um "rascunho" e foi enviado por engano.