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Ataques russos na Ucrânia se aproximam de países da Otan e colocam Ocidente em alerta

Ataques próximos à fronteira da Polônia e ameaças de atacar comboios da Otan colocam o oeste em alerta

12 mar 2022 - 16h30
(atualizado às 16h31)
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Na madrugada deste sábado, 12, sirenes soaram por toda a cidade de Lviv, na Ucrânia, avisando sobre o risco de um possível ataque aéreo. A cidade tem sido uma das principais rotas para refugiados que querem fugir da conflito com a Rússia e, até então, não foi alvo de ataques. Mas a apreensão aumentou nos últimos dias, com incursões russas em cidades cada vez mais próximas.

Autoridades da Ucrânia relataram na sexta-feira, 11, ataques com danos substanciais e mortes na região de Volyn, no noroeste ucraniano, e no aeródromo militar de Ivano-Frankivsk, no sudoeste.

Dessa forma, a apreensão em Lviv ecoa no Ocidente. A cidade fica a menos de 100 quilômetros da fronteira com a Polônia, que faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ataques russos tão próximos do território da Otan acendem vários alertas para a comunidade mundial.
Uma mulher caminha do lado de fora de uma maternidade atingida por um bombardeio russo em Mariupol, Ucrânia
Uma mulher caminha do lado de fora de uma maternidade atingida por um bombardeio russo em Mariupol, Ucrânia
Foto: Evgeniy Maloletka

"Defenderemos cada centímetro do território da Otan"

Na tarde de sexta-feira, 11, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que um ataque ao território da Otan seria respondido à altura: "Quero ser claro: nós defenderemos cada centímetro do território da Otan com todo o poder de uma Otan unida e galvanizada."

Contudo, Biden reconheceu o risco do conflito e disse que a aliança militar não entrará diretamente na guerra, se os exércitos russos mantiverem-se na Ucrânia. "Nós não entraremos numa guerra contra a Rússia na Ucrânia. Um confronto direto entre a Otan e a Rússia é a Terceira Guerra Mundial. É algo que devemos nos esforçar

para evitar", declarou.

Apesar disso, países da Otan têm participado indiretamente do conflito, com pesadas sanções à Rússia e envios de armamentos para fortalecer a defesa da Ucrânia.

Na Ucrânia, metrô vira ‘casa’ para quem não fugiu do país:

Comboios da Otan na mira do Kremlin

Para a Rússia, o envio de armas para a Ucrânia é "um ato perigoso" que pode ser respondido militarmente. O vice-primeiro-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, em entrevista ao canal de televisão russo Pervy Kanal, deixou claro que os comboios podem ser atacados por tropas do país.

"Nós alertamos os Estados Unidos que a entrega de armas que eles estão orquestrando de uma série de países não é apenas um ato perigoso, mas também transforma esses comboios em alvos legítimos", alertou.

Ryabkov também declarou que "a situação mudou completamente" no que diz respeito às exigências do Kremlin para cessar o ataque. "A questão agora é alcançar a implementação dos objetivos de nossos líderes", afirmou, referindo-se à "desmilitarização" da Ucrânia, que é uma das exigências de Putin.

"Se os americanos estiverem dispostos, podemos, é claro, retomar o diálogo", acrescentou, observando que Moscou está disposta a negociar, principalmente no que diz respeito aos acordos para limitar arsenais nucleares. "Tudo depende de Washington", afirmou.

Rússia intensifica sua ofensiva na Ucrânia

Além de estender seus ataques ao oeste, as forças russas têm intensificado o cerco no restante da Ucrânia. O exército do Kremlin se posicionou em torno de Kiev na manhã deste sábado, 12, a ponto de o assessor da presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, afirmar que a capital "está sitiada".

As forças russas também teriam bombardeado áreas civis de outras cidades ucranianas, incluindo um hospital de Mykolaiv, uma mesquita de Mariupol e o aeroporto de Vasylkiv.

Segundo informações do exército ucraniano, as tropas do Kremlin concentram seus esforços em Kiev, Mariupol e outras cidades do centro, como Krivói Rog, Nikopol ou Zaporizhzhia.

Uma mulher caminha do lado de fora de uma maternidade atingida por um bombardeio russo em Mariupol, Ucrânia. Foto: Evgeniy Maloletka

Mariupol, principalmente, tem sofrido severos reveses. Seus habitantes estão incomunicáveis, sem água, gás ou eletricidade e até brigam para conseguir comida. É uma situação "quase desesperadora", alertou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

"O inimigo ainda está bloqueando Mariupol", disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski, na noite de sexta-feira. "As tropas russas não deixaram nossa ajuda entrar na cidade", criticou, prometendo tentar novamente levar suprimentos para a cidade.

"Mariupol sitiada é atualmente a pior catástrofe humanitária do planeta. 1.582 civis mortos em doze dias, enterrados em valas comuns como esta", disse o diplomata-chefe da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em um tuíte acompanhado de uma foto de uma vala com cadáveres. /AFP

Estadão
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