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Atrito entre Itália e Alemanha por imigração mostra divisão na UE

21 jun 2018 - 15h36
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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, disse nesta quinta-feira que um esboço de acordo imigratório para a União Europeia foi descartado devido a um atrito entre ele e a Alemanha no tocante ao tema, que vem dividindo a Europa e prejudicando a chanceler Angela Merkel.

Merkel e Conte concedem entrevista em Berlim
 18/6/2018    REUTERS/Hannibal Hanschke
Merkel e Conte concedem entrevista em Berlim 18/6/2018 REUTERS/Hannibal Hanschke
Foto: Reuters

A declaração conjunta contestada foi elaborada antes de um encontro de 10 líderes da UE, marcado para o domingo em Bruxelas, no qual Alemanha e França esperam um acordo rápido que poderia ser aprovado em seguida em uma cúpula do bloco no final da semana que vem.

    Ela continha elementos essenciais que Merkel necessita para apaziguar sua parceira de coalizão rebelada, a União Social-Cristã da Baviera (CSU, na sigla em alemão), e seu chefe, Horst Seehofer, que também é o ministro do Interior alemão.

    Mas Roma objetou cláusulas que diziam que os postulantes a asilo teriam que ser devolvidos ao primeiro país da UE que tiver registrado seu pedido, o que muitas vezes foi o caso da Itália.

    Roma acolheu cerca de 650 mil imigrantes que chegaram pelo mar nos últimos cinco anos, atiçando um sentimento anti-imigração no país e contribuindo para a ascensão do partido de extrema-direita Liga, que obteve uma coalizão de governo neste mês.

Conte, que ameaçou não ir a Bruxelas no domingo a menos que o esboço da declaração fosse emendado, conversou com Merkel nesta quinta-feira.

    "A chanceler esclareceu que houve um 'mal entendido'. O esboço do texto divulgado ontem será descartado", escreveu Conte no Facebook, acrescentando que agora irá a Bruxelas no final de semana.

Estados da UE vêm se digladiando por causa da imigração desde que as travessias do Mediterrâneo atingiram um pico em 2015, quando mais de um milhão de refugiados e imigrantes chegaram às praias europeias banhadas por este mar. Dados mostraram que só neste ano 41 mil pessoas chegaram pelo mar.

    A maioria deles se encontra entre países litorâneos de chegada, como a Itália, e destinos ricos, como a Alemanha, cujos governos sentiram a pressão do eleitorado por causa da maneira como lidaram com os recém-chegados.

    Nações do leste da UE, como a Polônia e a Hungria, se recusam a receber qualquer parcela destas pessoas para aliviar o fardo de seus vizinhos mais afetados. Elas foram criticadas por sua falta de solidariedade, mas não recuaram - o que vem provocando tensão entre os membros do bloco e enfraquecendo a confiança mútua.

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