Avião cai no Irã: o que se sabe sobre queda do Boeing 737 ucraniano que caiu com 176 pessoas a bordo
A embaixada da Ucrânia em Teerã responsabilizou inicialmente uma falha do motor pelo acidente, mas depois retirou a declaração.
Um avião ucraniano com mais de 170 pessoas a bordo caiu na manhã desta quarta-feira no Irã.
A queda do Boeing-737 teria ocorrido logo após a decolagem, às 6h12 (horário local), do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã, conforme informou a Fars, agência estatal de notícias.
O voo PS752 da companhia Ukraine International Airlines seguia da capital iraniana com destino a Kiev, na Ucrânia.
E, de acordo com a agência humanitária Crescente Vermelho, não há chance de encontrar sobreviventes.
A embaixada da Ucrânia em Teerã responsabilizou inicialmente uma falha do motor pelo acidente, mas depois retirou a declaração.
E afirmou que qualquer comentário sobre a causa do acidente antes do fim da investigação não era oficial.
"De acordo com as informações preliminares, o avião caiu como resultado de uma falha no motor por razões técnicas. Neste momento, a versão de um ataque terrorista está descartada", dizia o texto publicado inicialmente no site do Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que estava em viagem a Omã, anunciou que estava voltando para Kiev. E alertou contra "especulações ou teorias sobre a tragédia" até que os relatórios oficiais estivessem prontos.
"Minhas sinceras condolências aos parentes e amigos de todos os passageiros e tripulantes", acrescentou em comunicado.
De acordo com o primeiro-ministro da Ucrânia, Oleksiy Honcharuk, havia 167 passageiros e nove tripulantes a bordo do voo. Autoridades ucranianas afirmaram ainda que 169 pessoas tinham comprado passagem, mas duas delas não embarcaram.
Entre as vítimas, estão 82 iranianos, 63 canadenses, 11 ucranianos, incluindo toda a tripulação, 10 suecos, quatro afegãos, três britânicos e três alemães, disse o ministro das Relações Exteriores, Vadym Prystaiko.
Equipes de resgate foram enviadas para o local do acidente, mas o chefe do Crescente Vermelho no Irã afirmou à imprensa estatal que era "impossível" alguém ter sobrevivido.
De acordo com Zelensky, a Ucrânia organizou aviões especiais para voar até o Irã e repatriar os corpos das vítimas, o que estava pendente apenas da aprovação do governo iraniano.
A caixa preta do avião já teria sido encontrada, segundo informou a emissora estatal iraniana Irib.
O analista de segurança da aviação Todd Curtis disse à BBC que a aeronave envolvida no acidente foi fabricada em 2016 e entregue nova à companhia aérea.
"O avião estava muito fragmentado, o que significa que houve um impacto intenso no solo ou algo aconteceu no céu", avalia.
"Ao que parece, este era um avião bem cuidado e não havia questões pendentes no que se refere às autoridades europeias ou americanas; portanto, neste momento não há nada que indique uma causa específica."
Curtis afirmou ainda que as autoridades iranianas, ucranianas, americanas e francesas estariam envolvidas na investigação, mas não está claro como vão trabalhar juntas. Atualmente, o Irã está sob sanção dos EUA, e há uma grande tensão entre os dois países.
"Eles vão começar a reconstituir a história do que aconteceu naquele avião... para ver se há algo sobre a condição da aeronave ou o combustível a bordo que possa ter levado a isso."
"E também não se pode descartar a possibilidade de que algo fora da aeronave, uma colisão no ar ou alguma outra questão, possa estar envolvido", acrescentou.
Há milhares de Boeings 737-800 em operação em todo o mundo. Até hoje, foram registrados 10 incidentes com essas aeronaves, incluindo este acidente, onde pelo menos um passageiro morreu, informou Curtis.
É a primeira vez que um avião da Ukraine International Airlines se envolve em um acidente fatal.
Mais cedo, havia especulações de que o incidente poderia estar relacionado ao conflito entre o Irã e os EUA.
A tensão entre os dois países escalou drasticamente na última sexta-feira, após a morte do general iraniano Qasem Soleimani, em um ataque aéreo ordenado pelo presidente americano, Donald Trump, em Bagdá.
E levantou temores de um conflito direto entre as duas potências.
Em retaliação à morte do general, considerado um herói nacional no país persa, o Irã disparou mísseis na noite de terça-feira contra duas bases aéreas que abrigam tropas americanas no Iraque.