O avião para resgatar brasileiros e estrangeiros que escaparam da guerra na Ucrânia decolou na segunda-feira, 7, da Base Aérea de Brasília. O KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB), um cargueiro multifuncional, transportará 64 pessoas da Polônia para o Brasil. Entre os passageiros, há 40 brasileiros, 23 ucranianos e um polonês. A previsão é que também sejam transportados seis cachorros, conforme dados do governo federal.
Há possibilidade de a lista ser ampliada, a depender de solicitações diplomáticas e consulares do Ministério das Relações Exteriores. Apesar de pedidos feitos por países sul-americanos, eles não foram atendidos por enquanto. A configuração do avião tem capacidade para 72 passageiros, além dos 16 tripulantes.
Inicialmente, a FAB havia colocado de prontidão duas aeronaves KC-390, o mais moderno cargueiro da frota. No entanto, de acordo com militares, apenas uma decolou porque seria o suficiente para atender a demanda atual. Os custos da operação não foram revelados.
Ajuda
Na ida, o avião leva uma carga de 11,6 toneladas de ajuda humanitária, solicitada por diplomatas ucranianos. Entre os equipamentos doados, estão 50 purificadores de água, alimentos desidratados e insumos médicos, cedidos pelo Ministério da Saúde.
Por causa dos protocolos da covid-19, um médico sanitarista também acompanha a missão. O avião, conforme plano de voo, fará escalas em Recife (PE), Cabo Verde e Portugal, antes de chegar a Varsóvia, na Polônia. A previsão de retorno é na quinta-feira.
A cerimônia de decolagem contou com a presença dos ministros da Defesa, Braga Netto, da Saúde, Marcelo Queiroga, da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e do secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Fernando Simas Magalhães. Eles não concederam entrevistas.
A operação de repatriação é uma das tentativas do governo Jair Bolsonaro de emplacar uma agenda positiva relacionada à guerra. Ela foi organizada pelos ministérios depois de pressão popular sobre a demora do governo em prestar assistência consular à comunidade brasileira na Ucrânia.
Até a deflagração do conflito, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, não havia orientação para que os brasileiros deixassem o território ucraniano, como recomendavam as potências ocidentais, e o governo brasileiro apostava, ao menos em público, numa desmobilização de tropas russas.
Nos primeiros dias de guerra, a orientação do Itamaraty era para que, quem quisesse, buscasse sair do país por meios próprios. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores disse que não tinha condições de preparar um resgate.
Crise
Tudo mudou depois da deterioração das condições de segurança, com bombardeios em diversas cidades, inclusive a capital ucraniana. Houve reforço da equipe, com deslocamento de mais diplomatas para o Leste Europeu e auxílio direto com transporte por meio de trens. O governo brasileiro também transferiu diplomatas de Kiev, esvaziando a embaixada, para a linha de fronteira com Moldávia e Polônia, a fim de facilitar a saída.
Em discurso, o ministro Braga Netto disse que, desde o início do conflito, o Brasil tomou "medidas concretas", segundo diretrizes de Bolsonaro. O general afirmou que a comunidade internacional "sempre poderá contar com o espírito acolhedor do povo brasileiro".
"O Brasil tem vocação acolhedora e oferece socorro na redução do sofrimento alheio. A diplomacia e as Forças Armadas brasileiras têm o histórico e o sacerdócio de amenizar a dor das pessoas em situações de conflito ou calamidades, levar calor humano e compartilhar a esperança e a fé na paz no mundo", disse o ministro, único a discursar.
Ontem, em novo sinal de distanciamento em relação a Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão elogiou o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski ao dizer que ele é uma liderança "capaz e eficiente". Bolsonaro tem sido cobrado a adotar posição mais firme para condenar a guerra iniciada por Putin. A suposta "isenção" tem sido interpretada como apoio velado aos russos.
Refugiados da guerra em avião com destino a Israel
Foto: Ronen Zvulun
Barricadas na cidade de Odessa
Foto: Iryna Nazarchuk
O rosto de Volodymyr Zelenski, presidente da Ucrânia, em um muro de Montenegro
Foto: Stevo Vasiljevic
Socorristas procuram por vítimas de bombardeio em Sumy, na Ucrânia
Foto: Ukraine Ministry of Internal Affairs
Dia 7/3 - Carrinho de bebê abandonado fotografado em Irpin, próximo a Kiev
Foto: Carlos Barria
Dia 6/3 - Uma mulher e duas crianças morreram durante bombardeio em Irpin
Foto: Andrea Filigheddu/NurPhoto
Dia 6/3 - Soldados ucranianos celebram casamento no front próximo a capital Kiev
Foto: Mykola Tymchenko
Dia 5/3 - Refugiados atravessam uma ponte destruída ao tentar deixar a cidade de Irpin
Foto: Jedrzej Nowicki/Agencja Wyborcza
Dia 5/3 - Um centro esportivo foi destruído durante a invasão russa na cidade de Kharkiv
Foto: Oleksandr Lapshyn / Reuters
Dia 5/3 - Tanque militar é visto na cidade de Donetsk, na fronteira com a Rússia
Foto: Alexander Ermochenko / Reuters
Dia 7/3 - Homem e criança fogem de bombardeios em Irpin, na Ucrânia
Foto: Carlos Barria / Reuters
Dia 7/3 - Despedidas em Odessa, na Ucrânia, enquanto tropas russas avançam no país
Foto: Alexandros Avramidis / Reuters
Dia 4/3 - Moradores de Kiev passam próximos aos destroços de um míssil
Foto: Valentyn Ogirenko
Dia 4/3 - Imagens de destruição em Hatne, cidade ucraniana fortemente atingida por tropas russas
Foto: Serhii Nuzhnenko
Dia 4/3 - Bombeiros trabalham para extinguir as chamas de um armazém em Kiev
Foto: Reuters
Dia 4/3 - A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Ucrânia, após pegar fogo durante confronto entre ucranianos e russos
Foto: Reuters
Dia 3/3 - Soldado ucraniano com sua arma durante a invasão russa em Kiev
Foto: Mikhail Palinchak
Dia 3/3 - Vista aérea de um prédio residencial destruído em região próxima a capital Kiev
Foto: Maksim Levin
Dia 3/3 - Criança dorme em chão de trem com refugiados ucranianos que tentam chegar até a Hungria
Foto: Bernadett Szabo
Dia 3/3 - Refugiada protege seu cão do frio durante viagem de trem para tentar fugir da Ucrânia em guerra
Foto: Bernadett Szabo
Dia 3/3 - Soldado russo se emociona ao conversar com a mãe após rendição
Foto: Reprodução
Dia 2/3 - Manifestante ergue cartaz que compara Putin a Adolf Hitler em ato na Bélgica
Foto: Yves Herman
Dia 2/3 - Crianças ucranianas são fotografadas em um campo de refugiados na Polônia
Foto: Kai Pfaffenbach
Dia 2/3 - Placa avisa sobre minas em uma rua de Kiev
Foto: Carlos Barria
Dia 2/3 - Homem retira destroços de apartamento atingido durante guerra entre Rússia e Ucrânia
Foto: Alexander Ermochenko
Dia 1/3 - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, posa para fotos em local não divulgado na Ucrânia
Foto: Umit Bektas
Dia 1/3 - Em mais um dia de guerra, as cenas de destruição se multiplicam pela Ucrânia
Foto: Vyacheslav Madiyevskyy
Dia 1/3 - Torre de TV é destruída na capital ucraniana Kiev
Foto: Carlos Barria
Dia 28/2 - Mulher abraça a filha em campo de refugiados na Polônia
Foto: Yara Nardi
Dia 28/2 - Criança refugiada ucraniana faz um coração com as mãos em uma estação de trem
Foto: Marton Monus
Dia 28/2 - Vidro de ambulância cravejado por balas na região da capital Kiev
Foto: Jedrzej Nowicki/Agencja Wyborcza
Dia 27/2 - Soldados ucranianos no check point de Zhytomyr durante a guerra contra a Rússia
Foto: Viacheslav Ratynskyi
Dia 27/2 - Soldados ucranianos se abrigam na base aérea de Vasylkiv
Foto: Maksim Levi
Dia 27/2 - Em mais um dia de guerra, chamas são vistas em Kiev, na Ucrânia
Foto: Maksim Levin
Dia 26/2 - Um tanque destruído é visto pelas ruas da cidade ucraniana de Kharkiv
Foto: Vyacheslav Madiyevskyy
Dia 26/2 - Moradores e soldados ucranianos tentam se proteger de bombardeios russos
Foto: Gleb Garanich
Dia 26/2 - O céu de Kiev arde em chamas nos primeiros dias da invasão russa
Foto: Gleb Garanich
Dia 25/2 - Crianças olham Kiev da janela de um trem de evacuação durante a guerra
Foto: Umit Bektas
Dia 25/2 - Casa destruída em Kiev, na Ucrânia, durante invasão russa
Foto: Umit Bektas
Dia 25/2 - Criança brinca em frente a prédio destruído em Kiev
Foto: Umit Bektas
Dia 24/2 - Mulher chora durante travessia da fronteira entre Ucrânia e Polônia
Foto: Bryan Woolston
Dia 24/2 - Equipes de resgate atuam em área onde avião militar foi abatido
Foto: Ukrainian State Emergency Service
Dia 24/2 - Tanques ucranianos são vistos pelas ruas da Ucrânia após anúncio de invasão russa