Bancos italianos despencam na Bolsa após taxa sobre lucro extra
Medida foi anunciada de surpresa na última segunda-feira
As ações de bancos italianos na Bolsa de Valores de Milão despencaram nesta terça-feira (8) após a decisão do governo de cobrar um imposto de 40% sobre lucros extras de instituições financeiras.
Os bancos listados no índice Ftse MIB lideraram as perdas no pregão, com destaque para Bper (-10,94%), Monte dei Paschi di Siena (-10,83%), Finecobank (-9,91%), BPM (-9,09%), Intesa Sanpaolo (-8,67%), Mediolanum (-5,96%) e Unicredit (-5,94%).
Ao todo, os bancos listados em Milão perderam 8,96 bilhões de euros em valor de mercado nesta terça-feira, enquanto o Ftse MIB fechou o dia em baixa de 2,12%, para 27.942 pontos.
O novo imposto foi anunciado de surpresa na última segunda (7) pelo vice-premiê e ministro da Infraestrutura e dos Transportes, Matteo Salvini. A taxação extra de 40% será cobrada se a margem de juros praticada em 2022 foi pelo menos 5% maior que no exercício anterior e se a de 2023 superar a de 2021 em ao menos 10%.
A medida chega após os bancos italianos terem registrado lucros recordes no primeiro semestre, com suas receitas turbinadas pelos seguidos aumentos de juros do Banco Central Europeu (BCE) para conter a inflação na zona do euro.
Embora não tenha dado detalhes, Salvini disse que o dinheiro arrecadado será usado para ajudar contribuintes e empresas atingidos pela escalada dos juros, como pessoas que possuem hipotecas com taxas variáveis.
A iniciativa, no entanto, não estava na ordem do dia da reunião do Conselho dos Ministros da última segunda-feira.
Além disso, em junho passado, o ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, afirmou que o governo não preparava "nenhuma taxação sobre lucros extras" dos bancos.