Barr diz que Trump estava 'descolado da realidade' em 2020
Ex-procurador prestou depoimento sobre invasão ao Capitólio
O ex-procurador-geral dos Estados Unidos William Barr disse nesta segunda-feira (13) em seu depoimento que o ex-presidente Donald Trump estava "descolado da realidade" quando fez alegações falsas de que as eleições presidenciais foram roubadas.
Na segunda audiência pública sobre a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, os parlamentares desmascararam a "Grande Mentira" de fraude eleitoral, tendo em vista que os republicanos sabiam que as teorias da conspiração não tinham qualquer embasamento.
Em seu depoimento por vídeo, Barr rejeitou as acusações de fraude como "besteira" e "loucura". "Se ele realmente acredita nessas coisas, ele se descolou da realidade", disse.
O ex-procurador relatou que Trump denunciou que "uma grande fraude estava em curso assim que as urnas fecharam" e explicou que o presidente insistiu nessa tese apesar de estar ciente da chamada "miragem vermelha".
A teoria é usada muitas vezes na noite das eleições, quando os republicanos inicialmente parecem ter uma vantagem porque votam no mesmo dia e seus votos são contados imediatamente, enquanto os do democratas, que preferem o voto por correspondência, são contados posteriormente.
Barr também lembrou que, após o fracasso das recuperações judiciais, ele disse a Trump que não compartilhava a alegação de fraude e que a considerava uma "besteira".
"Ele e seus assessores mais próximos sabiam que as acusações eram falsas, mas continuaram insistindo nelas mesmo assim, até o momento em que uma turba de apoiadores de Trump atacou o Capitólio", afirmou a deputada democrata Zoe Lofgren ao painel em sua segunda audiência.
De acordo com Lofgren, a família Trump também se beneficiou da arrecadação de fundos promovida pelo então presidente para as batalhas judiciais que visavam derrubar a votação de 2021.
A democrata explicou que a ex-jornalista da Fox Kimberly Guilfoyle, namorada de Donald Trump Jr, supostamente teria recebido US$ 60 mil por um discurso de três minutos perto da Casa Branca uma hora antes do comício de Trump, o qual ele então instigou seus apoiadores a atacar o Congresso.
Durante a audiência também foi revelado que foi o advogado de Trump, Rudy Giuliani, "aparentemente bêbado", quem sugeriu ao então presidente declarar vitória durante a contagem eleitoral apesar da incerteza e, de fato, do surgimento da vitória de Joe Biden.
Os depoimentos apontaram que Trump estava cercado por dois grupos diferentes de pessoas nos dias e semanas que se seguiram às eleições. Bill Stepien, responsável pela campanha do então presidente, caracterizou a sua equipe como "normal", em oposição ao grupo liderado por Rudy Giuliani, advogado pessoal do magnata.
Stepien estava entre os assessores de campanha, advogados e conselheiros da Casa Branca que pediram a Trump que esquecesse as suas alegações infundadas de fraude. Já o grupo de Giuliani, por outro lado, alimentava a paranoia do ex-presidente e pressionava-o a aprofundar as teorias sobre a fraude nas urnas.
Desta forma, espera-se que isto sirva para confirmar que Trump fez uma escolha. O presidente da Comissão, Bennie Thomson, informou que transmitirá os resultados de sua investigação ao Departamento de Justiça dos EUA.
Logo após a audiência, o magnata comentou o caso em sua rede social. "Esta caça às bruxas de mão única é uma vergonha para a América. Nunca deveria ter sido permitida!", escreveu Trump.