Bento XVI é sepultado nas criptas da Basílica de São Pedro
Após três dias de velório público, o papa Francisco celebrou nesta quinta-feira (5), em uma Praça São Pedro lotada e sob um céu nublado, o funeral do pontífice emérito Bento XVI, morto no último dia 31 de dezembro, aos 95 anos de idade.
A cerimônia reuniu 50 mil fiéis, segundo a Gendarmaria do Vaticano, e dezenas de autoridades políticas e religiosas, como o presidente da Itália, Sergio Mattarella, a premiê Giorgia Meloni e representantes das igrejas católicas orientais, do islã e do judaísmo.
"Estamos aqui com o perfume da gratidão e o unguento da esperança para demonstrar, mais uma vez, o amor que não se perde. Queremos fazê-lo com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que ele soube conceder ao longo dos anos", disse Francisco em sua homilia.
"Bento, que sua alegria seja perfeita ao ouvir a sua voz definitivamente e para sempre", afirmou o Papa, pedindo que Joseph Ratzinger fosse "confiado às mãos do Pai". "Que essas mãos de misericórdia encontrem sua lâmpada acesa com o óleo do Evangelho, que ele disseminou e testemunhou durante sua vida", acrescentou.
Essa foi apenas a segunda vez na história que um papa celebrou o rito fúnebre de seu antecessor. A outra foi em 1802, quando Pio VII presidiu o funeral religioso de Pio VI, que havia morrido dois anos e meio antes, quando vivia exilado como prisioneiro de Napoleão Bonaparte.
Em meio à multidão, fiéis levantaram bandeiras da Alemanha, país de origem de Ratzinger, e cartazes com frases de agradecimento a Bento XVI ou pedindo sua canonização.
Após o último "amém" pronunciado por Francisco, o público entoou o grito de "Santo subito" ("Santo já"). "Ele foi o pontífice que fez com que eu me reaproximasse da Igreja, antes eu via as coisas com mais distanciamento. Ele recuperou a tradição e era um homem aberto a todas as possibilidades", disse o italiano Marco, que viajou de Novara a Roma para o funeral.
Antes do fim da cerimônia, Jorge Bergoglio ainda parou para uma oração silenciosa diante do caixão, que foi levado para a Basílica de São Pedro sob aplausos dos fiéis.
O funeral reuniu 130 cardeais, 300 bispos e 3,7 mil padres do mundo todo, que chegaram ao Vaticano ao longo dos últimos dias. Na primeira fila, à direita do caixão (sobre o qual foi colocado um Evangelho aberto), estavam o arcebispo Georg Ganswein, secretário particular de Bento XVI durante seu pontificado e após a renúncia, e as "memores", leigas consagradas que auxiliaram nos cuidados a Ratzinger.
O corpo de Bento XVI foi fechado na urna com moedas e medalhas cunhadas durante seu pontificado, bem como os pálios (colarinhos de lã branca utilizados por papas e arcebispos) que ele usava em suas vestes litúrgicas.
O esquife foi feito com revestimento triplo, sendo o primeiro de cipreste, o segundo de zinco e o terceiro de carvalho, e foi sepultado nas criptas da Basílica de São Pedro, na antiga tumba de São João Paulo II, cujo corpo foi levado para a parte de cima do templo após sua beatificação, em 2011.