Bolsonaro: Guaidó não sofreu derrota na Venezuela
Presidente brasileiro afirma que País pode ter sofrer efeitos colaterais da crise venezuelana e possibilidade de intervenção é quase zero
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, dia 1º, que não houve derrota no movimento capitaneado na terça-feira, 30, pelo autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.
"Não tem derrota nenhuma. Eu até elogio. Reconheço o espírito patriótico e democrático que ele (Guaidó) tem por lutar por liberdade em seu país", declarou Bolsonaro depois de se reunir no feriado do Dia do Trabalho com ministros e comandantes das Forças Armadas na sede do Ministério da Defesa para discutir o acirramento da crise na Venezuela.
O presidente disse que tem preocupação com embargos econômicos à Venezuela para forçar a saída de Nicolás Maduro. "Temos de nos preparar - dada a política da Petrobrás não intervencionista da nossa parte - mas podemos ter um problema sério dentro do Brasil com os efeitos colaterais do que acontece lá", afirmou. Na semana passada, houve reação negativa a uma tentativa do presidente de evitar um aumento no preço do diesel.
"Os informes que nós temos é que existe uma fissura sim, que cada vez se aproxima da cúpula das Forças Armadas. Então existe a possibilidade de o governo (Maduro) ruir pelo fato de alguns da cúpula passarem para o outro lado", afirmou o presidente brasileiro. Maduro, porém, afirma que os militares continuam leais a ele.
Segundo a assessoria do Ministério da Defesa, foram convocados para a reunião fora da agenda oficial os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Em vez de os ministros irem ao encontro do presidente, como é praxe, Bolsonaro decidiu ir à sede do Ministério da Defesa. O comboio presidencial deixou o Palácio da Alvorada em direção à Esplanada dos Ministérios por volta das 9h.
Bolsonaro voltou a afirmar que a possibilidade de intervenção militar brasileira na Venezuela "é próxima de zero". "Não existe isso", afirmou. "Estamos preocupados porque tem reflexos. Fizemos uma medida provisória que não é pela Venezuela, mas é para que Roraima não entre num caos", afirmou Bolsonaro em relação ao crédito extraordinário de R$ 223,8 milhões para assistência emergencial e acolhimento humanitário dos venezuelanos. A MP foi publicada ontem em edição extra do Diário Oficial da União.
"A orientação nossa é conceder asilo. Há uma preocupação nossa - se tiver uma corrida muito grande para isso - para o espaço físico", afirmou o presidente. Segundo o governo brasileiro, a média diária é de 250 a 300 pessoas que entram no Brasil.
Na volta ao Palácio da Alvorada, o presidente parou para cumprimentar apoiadores. / Colaborou Lorenna Rodrigues