Brasil cai e fica em 22º lugar em ranking global de felicidade; Noruega lidera
O Brasil ficou ainda mais triste, segundo as Nações Unidas.
Essa é a conclusão da edição de 2017 do Relatório Mundial da Felicidade, divulgado nesta segunda-feira pela ONU. O período compreende os anos de 2014 a 2016.
O Brasil caiu cinco posições e está agora no 22º lugar entre 155 países.
É a segunda queda consecutiva. Na edição de 2016, referente ao período de 2013 a 2015, o país já havia caído do 16º para o 17º lugar.
O ranking de 2017 é encabeçado pela Noruega, que tirou a liderança da Dinamarca. Islândia, Suíça e Finlândia completam a lista das nações mais felizes do mundo.
Na outra ponta, as mais tristes são Ruanda, Síria, Tanzânia e Burundi. A República Centro-Africana ocupa a lanterna.
A Europa Ocidental e a América do Norte dominam o topo do ranking, com os Estados Unidos e o Reino Unido nas 14ª e 19ª posições, respectivamente.
Já países na África Subsaariana e atingidos por conflitos tiveram notas previsivelmente mais baixas. A Síria ficou no 152º lugar entre 155 países, e Iêmen e Sudão do Sul, que estão enfrentando fome iminente, estão nas 146ª e 147ª posições, respectivamente.
O Relatório Mundial da Felicidade foi divulgado para coincidir com o Dia Internacional da Felicidade da ONU.
O levantamento é baseado em uma única pergunta simples e subjetiva feita a mais de 1 mil pessoas todos os anos em mais de 150 países.
"Imagine uma escada, com degraus numerados de zero na base e dez no topo", diz a pergunta.
"O topo da escada representa a melhor vida possível para você e a base da escada representa a pior vida possível para você. Em qual degrau você acredita que está?"
O resultado médio é a nota do país - que, neste ano, variou de 7.54 (Noruega) a 2.69 (República Centro-Africana).
Mas o relatório também analisa as estatísticas para explicar por que um país é mais feliz do que o outro.
Entre os dados observados, estão o desempenho da economia (medido pelo PIB per capita), apoio social, expectativa de vida, liberdade de escolha, generosidade e percepção de corrupção.
'Crise nos EUA'
O relatório deste ano também inclui um capítulo intitulado "recuperando a felicidade dos Estados Unidos", que busca entender por que os níveis de felicidade no país estão caindo, apesar da melhora econômica.
"Os Estados Unidos podem e devem aumentar a felicidade ao enfrentar a crise social multifacetada do país - ou seja, a desigualdade crescente, a corrupção, o isolamento e a desconfiança - do que focar exclusivamente ou até principalmente no crescimento da economia", afirmaram os autores do estudo.
"A crise dos Estados Unidos, em poucas palavras, é uma crise social, não uma crise econômica", acrescentaram.
Jeffrey Sachs, diretor da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, na sigla em inglês), entidade responsável pela publicação do relatório, afirmou que as políticas do presidente americano Donald Trump devem deteriorar ainda mais esse cenário.
"As políticas de Trump tendem a aumentar a desigualdade. Acredito que tudo que foi proposto vai na direção contrária (ao aumento da felicidade)", afirmou ele à agência de notícias Reuters.
O relatório também indica que funcionários de escritório são mais felizes do que os de "chão de fábrica", mas ter um emprego já é, por si só, um dos fatores que mais influenciam no nível de felicidade.
E enquanto "aqueles que ganham mais são mais felizes e mais satisfeitos com suas vidas", tal efeito tem um retorno residual - "US$ 100 a mais no salário vale muito mais para alguém na base da pirâmide social do que para alguém que já ganha um bom salário".
O relatório é publicado desde 2012. Desde então, período, os países nórdicos vêm dominando os primeiros lugares do ranking.
A clara preponderância desses países - Dinamarca, em particular - vem incentivando outras nações para adotar o "Hygge" - um conceito cultural dinamarquês de conforto e relaxamento.