Brasileira desaparecida nos EUA sofreu overdose e tentava se afastar de suspeito, diz mãe
Mãe relatou que a filha, que estava em tratamento contra ansiedade e depressão, conheceu um rapaz que teria fornecido drogas a ela
Desaparecida há mais de duas semanas nos Estados Unidos, a brasileira Manuela Keller Cohen, de 17 anos, teve envolvimento com drogas e chegou até a sofrer uma overdose, segundo relatou sua mãe. Ao jornal O Globo, Sofia Neiva relatou que a filha estava em tratamento contra ansiedade e depressão e que conheceu um rapaz de 21 anos, que teria fornecido drogas a ela.
Há 17 dias, os pais da adolescente buscam pela jovem. Moradores de Washington D.C., nos Estados Unidos, eles têm vivido um período de aflição e desespero em busca de informações sobre a jovem, que saiu de casa no dia 20 de novembro e não retornou desde então.
Os pais de Manuela perceberam mudanças em seu comportamento, o que levou à descoberta de seu envolvimento com drogas. Ela chegou a ser internada por dois meses em uma clínica de reabilitação nos Estados Unidos, mantendo-se comprometida com o tratamento. No entanto, alguns meses depois de receber alta, a jovem sofreu uma overdose de fentanil, um opioide potente.
"Dois meses depois que ela saiu dessa clínica, no início de março deste ano, ela teve uma overdose de fentanil. Foi levada para o hospital desacordada, e foi nessa ocasião que ela, com muito medo do que aconteceu, finalmente abriu o jogo da existência desse rapaz. Ela contou que foi ele quem tinha fornecido o comprimido de fentanil para ela", disse Sofia Neiva, mãe da adolescente, em entrevista ao O Globo.
O pais da brasileira deram à polícia todas as informações disponíveis sobre o jovem suspeito de fornecer drogas para a filha adolescente, uma vez que uma ocorrência policial foi registrada. No entanto, ao tentar acompanhar o andamento do caso, foram informados de que nada poderia ser realizado, pois o registro era de natureza médica, não criminal.
"Aí começa nossa frustração sobre a forma como a polícia lida, ouvi que a evidência é que ela tinha fentanil no corpo, mas não tinham provas concretas de que ele tinha fornecido. No passado, acreditamos em um relacionamento de amizade ou de consumidor/fornecedor, mas agora, com o desaparecimento e com o acesso que tivemos às mensagens deles, o teor é de quem tinha um relacionamento romântico", completou a mãe da jovem.
Seguindo a orientação do psiquiatra que acompanhava Manuela, Sofia retornou ao Brasil com a filha após o episódio da overdose, buscando afastá-la do ambiente ligado às drogas. No entanto, mesmo em Brasília, entre abril e setembro, período em que a mãe afirma que a adolescente estava comprometida com o tratamento, ela descobriu que o jovem ainda tentava entrar em contato com Manuela.
A maior dificuldade enfrentada pela família está ligada à colaboração entre o detetive particular contratado por eles e as autoridades policiais. O Consulado do Brasil em Washington indicou a "investigação paralela" como uma opção, alegando não poder interferir nas investigações policiais, mas que dariam assistência jurídica.
"Ontem tivemos pessoalmente na polícia, para expressar nossa frustração, e o investigador nos deu a certeza de que ia fazer o contato com o detetive. Temos um círculo de amigos e estamos tendo suporte emocional, mas cada dia sem notícias dela é muito angustiante, sem saber onde ela está ou como ela está", diz a mãe.
Até o momento, o Departamento de Polícia de Washington não emitiu um posicionamento sobre as investigações quando procurado por O Globo.