Brasileira perde marido, filhas e neto em ataque de Israel no Líbano
Raquel Chanarek Hamia morava no Vale de Beeca e sua casa foi atingida por um míssil na última segunda-feira, 23
A família de duas brasileiras sofre com os ataques de Israel à região do Líbano, que ocorrem desde a última semana e já vitimou mais de 800 pessoas. Entre os mortos, estão o marido, duas filhas e um neto de Raquel Chanarek Hamia.
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De acordo com o Fantástico, da TV Globo, no último dia 23, um míssel acertou a casa dela, localizada no Vale de Beeca, onde estavam as vítimas fatais e mais dois netos, que sobreviveram. "Não sei nem o que dizer. Estou muito, muito mal. Todos morreram: meu neto [Husni], duas filhas [Latifa e Ghazale] e meu marido [Duraid]”, desabafou.
Embora tenha ido para o Líbano quando tinha 20 anos, Raquel nasceu em São Paulo, após os pais libaneses virem morar no Brasil. Do casamento, nasceu ela e dois irmãos: a Leila e o Lutifi. Os pais e o irmão já são falecidos e foram sepultados em terras brasileiras.
A família deixou bens inventariados no Brasil, que ela e a irmã tentam acessar. Sete dias antes do atentado Raquel fez um pedido à justiça brasileira, solicitando prioridade na tramitação do caso, já que a família corria risco de morte. Mas não deu tempo: somente ela, uma filha e três netos sobreviveram.
"A melhor coisa que a embaixada, o Itamaraty, poderia fazer é achar um lugar seguro para colocar as pessoas brasileiras que não têm nada a ver com essa guerra que está acontecendo no Líbano”, declarou a sobrevivente.
Raquel e a filha estão internadas na cidade de Balbeque, com as pernas quebradas, mas não têm onde morar depois que receberem alta. “A gente está na rua. Não tenho mais nem condições de como sobreviver", afirma.
‘Meu coração não aguenta mais’
Leila Hamia, irmã de Raquel, vive na região de Beirute, um dos alvos dos ataques de Israel. Ela precisou deixar sua casa, e por enquanto, está vivendo com sua família no calçadão da praia, assim como outras famílias libanesas que não tem lugar para ficar. "Saímos com a roupa do corpo. Fugimos dos bombardeios no nosso bairro”, explicou.
A brasileira relatou que tem vontade de voltar ao Brasil para dar à família uma oportunidade melhor de viver, longe da guerra. “Tenho vontade de ir para o Brasil, visitar o túmulo dos meus pais [...]. Queríamos garantir um futuro bom para eles [os filhos, netos e sobrinhos] viverem uma vida diferente dessa vida aqui. Não viram nada da vida, só guerras e bombas o tempo todo”, reforça.
Após a tragédia com a irmã, ela também sofre com a partida dos entes queridos. "Muito difícil falar, meu coração não aguenta mais, está muito machucado. Depois desse trauma, só quero ficar ao lado dela”, diz Leila.
Ela conta que tem dois filhos doentes, um deles precisando de uma cirurgia no olho, e outro de remédios. Ali Hamia é o único dos quatro filhos dela Leila que nasceu no Brasil. "A embaixada brasileira está tentando de tudo. Quero tirar os meus irmãos daqui e trazer a minha tia para morar com a gente. Queremos ficar todos juntos”, reforça as falas da mãe.
Ao Fantástico, o Itamaraty afirmou que a embaixada brasileira em Beirute continua em contato com as autoridades libanesas, mas até a tarde deste domingo, 29, não foi havia sido possível confirmar oficialmente as mortes. A nota também relata que a embaixada enviou uma lista de abrigos do governo libanês a Raquel e que também oferecerá “auxílio financeiro, no âmbito da assistência consular para apoio em gastos com remédios e curativos”. No entanto, a família não conseguiu vaga nos abrigos.