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Brasileiro 'não tem mais direito a recurso' na Indonésia

28 abr 2015 - 06h32
(atualizado às 06h32)
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Gularte deverá ser executado nas próximas horas na Indonésia após ter sido condenado por tráfico de drogas

O paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte e outros oito condenados à morte por tráfico de drogas na Indonésia não têm mais possibilidades de recorrer das sentenças, disse um porta-voz da Procuradoria Geral do país.

Familiares visitaram os condenados na prisão de Nusakambangan, onde as execuções por fuzilamento deverão ser realizadas. Ambulâncias carregando os caixões chegaram à penitenciária nesta terça-feira.

Não foi divulgado quando as sentenças são cumpridas, mas acredita-se que as execuções poderão ocorrer nas primeiras horas de quarta-feira (horário local).

Gularte, de 42 anos, foi condenado à morte em 2005, um ano após ter sido preso ao tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína em pranchas de surfe. A família tentava convencer autoridades a rever sua pena após ele ter sido diagnosticado com esquizofrenia.

Dos nove condenados a serem executados, oito são estrangeiros - há dois australianos, três nigerianos, um ganense e uma filipina, a única mulher, além de Gularte. Segundo Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria Geral da Indonésia, não há mais possibilidade deles recorrerem das sentenças.

A defesa do brasileiro entrou com um último recurso nesta terça-feira, mas considerava difícil a reversão da pena.

Gularte será o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia - em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado por tráfico de drogas.

Último adeus

Familiares dos condenados foram à prisão nesta terça-feira para o que seria o último adeus. Gularte foi visitado pela prima Angelita Muxfeldt.

Policiais tiveram que proteger os parentes no porto de Cilacap, que dá acesso a Nusakambangan, devido à grande presença de jornalistas. A irmã do australiano Myuran Sukumaran desmaiou e precisou ser carregada.

Angelita Muxfeldt, prima de Gularte, deixa porto após visitar Gularte na 2ª, acompanhada do padre irlandês Carolus Burrows

Ambulâncias levando caixões chegaram à prisão

Sukumaran e Andrew Chan foram condenados por serem líderes do grupo "Os Nove de Bali". Chan casou-se com uma indonésia na prisão, na segunda-feira.

O francês Serge Areski Atlaoui, que deveria estar entre os presos a serem executados, teve sua sentença adiada. Autoridades disseram que irão aguardar a análise de um recurso ainda em andamento.

A Indonésia está sob forte pressão internacional para que reveja as sentenças. A Organização das Nações Unidas pediu ao país que suspenda as execuções.

Austrália, Filipinas e França fizeram apelo ao presidente indonésio, Joko Widodo, para que reconsidere as penas.

A presidente Dilma Rousseff não se manifestou desde que Gularte foi notificado no sábado, mas está acompanhando o caso, informou a assessoria de imprensa da Presidência da República. Não há indicações de que ela telefonará para Widodo num esforço de reverter a condenação.

O Ministério de Relações Exteriores brasileiro entregou, no domingo, nota ao governo indonésio no qual classificou como "absolutamente inaceitável" a execução de Gularte.

Segurança foi reforçada no porto que dá acesso à prisão onde execuções deverão ser realizadas

As relações entre Brasil e Indonésia estão estremecidas desde a execução de Marco Archer, em janeiro.

O Brasil convocou o seu embaixador em Jacarta em protesto e, em fevereiro, Dilma recusou temporariamente as credenciais do novo representante indonésio no Brasil em meio ao impasse com diante da iminente execução de Gularte.

Widodo, que assumiu em 2014, negou clemência a condenados por tráfico, dizendo que o país está em situação de "emergência" devido às drogas. Em janeiro, seis presos foram executados.

Mais de 130 presos estão no corredor da morte, 57 por tráfico de drogas, segundo a agência Associated Press.

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