Brasileiros são incluídos em listagem de autorizados a deixar Gaza após um mês
Grupo de 34 brasileiros está desde o mês passado em casas alugadas pelo Ministério de Relações Exteriores em Rafah e Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Brasileiros foram incluídos na listagem de estrangeiros autorizados a saírem da Faixa de Gaza na madrugada desta sexta-feira, 10. A retirada de 33 dos 34 brasileiros retidos em Gaza em meio a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas será feita pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, rumo à capital Cairo.
Segundo publicação nas redes sociais da autoridade responsável pela passagem e pela listagem, os autorizados deverão estar presentes às 7h, no horário local, desta sexta-feira, no hall externo da passagem para facilitar suas viagens. Estrangeiros de outros países como Canadá, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Índia, China, Rússia e Nova Zelândia também foram autorizados.
A liberação ocorre após promessa do chanceler de Israel, Eli Cohen, ao ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, na quinta-feira. Foram quatro tentativas de uma negociação para a saída dos brasileiros e seis listagens com cerca de 24 países que já haviam conseguido a concessão. Segundo fontes do Itamaraty, o grupo de brasileiros está desde o mês passado em casas alugadas pelo Ministério de Relações Exteriores em Rafah e Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, à espera de uma definição.
Na última sexta-feira, Israel prometeu incluí-los na lista de autorizações até esta quarta-feira, o que não aconteceu. Cohen justificou a Vieira que não foi possível cumprir a garantia por "fechamentos inesperados na fronteira", segundo o Itamaraty.
Autoridades brasileiras afirmam que um ônibus, medicamentos e alimentos já estavam preparados para o transporte do grupo ao aeroporto do Cairo, no Egito, onde um avião da FAB aguarda para repatriá-los.
O Egito controla a única fronteira de Gaza que não tem limite com Israel, mas o posto de Rafah é submetido a rigorosos controles alfandegários e de pessoas. Após os atentados terroristas do Hamas no dia 7, o posto foi fechado e ninguém podia sair ou entrar no território palestino. No fim de semana, após um acordo negociado com a ajuda do Catar e dos Estados Unidos, o posto foi aberto para a entrada de ajuda humanitária. Nesta quarta, além da saída de estrangeiros, ambulâncias também recolheram feridos em Gaza.
Veja a listagem de países
- Estados Unidos: 14 pessoas
- Canadá: 265 pessoas
- Romênia: 101 pessoas
- Indonésia: 6 pessoas
- Polônia: 26 pessoas
- Brasil: 33 pessoas
- Rússia: 82 pessoas
- Índia: 7 pessoas
- Albânia: 14 pessoas
- China: 10 pessoas
- Dinamarca: 5 pessoas
- Alemanha: 8 pessoas
- Holanda: 2 pessoas
- Nova Zelândia: 12 pessoas
- Malásia: 2 pessoas
Total: 587 pessoas
Relações estremecidas
Nos últimos dias, a relação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Israel esteve estremecida após o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, ter se envolvido em reuniões com parlamentares de oposição e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Declarações públicas sobre a suposta presença de representantes da milícia radical xiita Hezbollah no Brasil também incomodaram o executivo.
A insatisfação com as autoridades israelenses foi expressada publicamente pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, e pela Polícia Federal. Internamente, Itamaraty e Planalto também reconhecem o desconforto. Em nota, a embaixada de Israel disse que Bolsonaro apareceu sem ser convidado na reunião da Câmara e agradeceu ao governo brasileiro pela operação contra o Hezbollah. Apesar da irritação, uma eventual cobrança de explicações do diplomata só seria avaliada após a chegada dos 34 brasileiros.
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