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Bukele toma medidas controversas e El Salvador deixa de ser um dos país mais perigosos do mundo

78 mil pessoas já foram presas, fazendo o país ter a maior taxa de encarceramento do mundo. No momento, cerca de 1% da população se encontra atrás das grades

4 mar 2024 - 17h28
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El Salvador, desde a década de 90, foi considerado um dos países mais perigosos do mundo. esta situação ocorre devido às ações de gangues, conhecidas em espanhol como "maras" ou "pandillas". Em 2015, portanto, o país chegou a ter 107 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em comparação, na Islândia, país mais seguro do mundo, o número é de 1,8.

presidente Nayid Bukele
presidente Nayid Bukele
Foto: Getty Images / Perfil Brasil

Governo de Bukele

Em 2019, Nayib Bukele entrou no governo e conseguiu reduzir os assassinatos pela metade em seus primeiros dois anos de mandato. De acordo com um jornal digital, que investigou gravações e documentos envolvendo o Estado, a melhora dos números foi alcançada através de acordos secretos com as facções que dominam o país. 

Em março de 2022, o país foi acometido por uma onda de violência, que envolveu um massacre que matou 76 pessoas em 48 horas. Em resposta, o governo de Bukele decretou estado de exceção e iniciou a implementação da política de caça e combate às gangues que dominam o território.

"No regime de exceção, são suspensos direitos e garantias em vários pontos: os critérios pra capturar suspeitos, o tempo que a pessoa pode ficar presa agora é indefinido, o acesso do preso a um advogado e os julgamentos, que passaram a ser coletivos", explicou, ao Fantástico, Carlos Monterrosa, professor de sociologia da Universidade Centro-Americana.

Sobre El Salvador

El Salvador tem 6,3 milhões de habitantes e, desde o início do regime, 78 mil pessoas já foram presas. esta situação fez o país ter a maior taxa de encarceramento do mundo. No momento, cerca de 1% da população se encontra presa.

O governo afirma que, com este regime, a taxa de homicídios caiu para 2,4 por 100 mil habitantes, o que representa uma brusca queda apresentada em 2015.

"Aqui era uma zona muito perigosa. Não dava pra andar à noite, porque logo vinham perguntar o que a gente estava fazendo. Os jovens estão saindo mais de casa e se envolvendo, não com coisas ruins, mas com as coisas de Deus", comemora uma moradora de Colônia Montreal em entrevista ao Fantástico, um bairro humilde da capital San Salvador.

O maior símbolo da política se segurança pública do presidente é o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma megaprisão de segurança máxima, que tem capacidade para 40 mil detentos. Na prisão, localizada na cidade de Tecoluca, a 74km da capital, só são presos os criminosos considerados de altas posições dentro das facções. A instalação é tão simbólica que, no final de fevereiro, o governo convidou jornalistas internacionais para visitar o local. 

No edifício, não há pátios, áreas externas para banho de sol ou recreação e nem espaços familiares, fator que inflige as regras mínimas para o tratamento de detentos definido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A Organização Não Governamental (ONG) salvadorenha Cristosal documentou casos de tortura, com relatos de sinais de violência física entre os detentos, e mais de 150 mortes de pessoas que estavam sob custódia do Estado durante o regime de exceção. Regime este, que tinha previsão de durar um mês, e agora já está valendo há dois anos.

O  ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Bukele, Gustavo Villatoro, defendeu as medidas em entrevista ao Fantástico. "Não se deve satanizar o regime de exceção. Quem faz isso são as elites globalistas. Claro que qualquer polícia às vezes prende inocentes. Nós estamos mudando as leis para blindar El Salvador contra o crime organizado. Eu não queria estar na pele de outro presidente que entrasse e dissesse: 'Ai, coitadinhos dos assassinos. Já passaram tempos demais presos, o cérebro deles mudou, não são mais criminosos'. Acontece que nós, salvadorenhos, não queremos mais bandidos nas nossas ruas", disse.

Bukele iniciou seu segundo mandato em fevereiro ganhando as eleições com 85% dos votos. Até o momento, seu governo tem 90% de aprovação da população.

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

Perfil Brasil
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