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Buraco negro inexplicável por ser 'grande demais para existir' intriga astrônomos

Um grupo de cientistas encontrou evidências de um buraco negro tão grande que obrigará a redefinir o sistema que mede fenômenos astronômicos, além de questionar a explicação atual sobre como se formam.

2 dez 2019 - 08h43
(atualizado às 10h14)
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Liu Jifeng, do Observatório Astronômico Nacional da China, é o coordenador de um grupo de cientistas que publicou um estudo sobre as descobertas do maior buraco negro já visto.
Liu Jifeng, do Observatório Astronômico Nacional da China, é o coordenador de um grupo de cientistas que publicou um estudo sobre as descobertas do maior buraco negro já visto.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Ele é grande demais para existir. Essa é a conclusão que intriga os astrônomos depois de encontrar o LB-1, nome que eles deram a um buraco negro que, de acordo com suas estimativas, é 70 vezes maior que o nosso Sol.

As possibilidades de observação remota do telescópio Espectroscópico de Fibra de Objetos Múltiplos da Grande Área no Céu (LAMOST, na sigla em inglês), da Academia Chinesa de Ciências, e do Observatório Keck, localizado no Havaí, Estados Unidos, permitiram obter dados conclusivos sobre esse super buraco negro.

Eles estudaram a enorme massa por várias noites, de 9 de dezembro de 2017 a 6 de janeiro de 2018, e publicaram suas principais descobertas na revista Nature.

Os 100 milhões de buracos negros que podem ser encontrados na Via Láctea podem ser classificados como: supermassivo, médio, estelar e micro buraco negro.

Mas o LB-1, que fica a cerca de 13.800 anos-luz de distância, é duas vezes maior do que os cientistas pensavam ser possível e gera muitas perguntas.

Por que é tão diferente dos outros?

Um buraco negro "é um monte de matéria presa em um espaço tão pequeno que nada pode sair, nem mesmo a luz", explicou o cosmólogo Andrews Pontzen à BBC em entrevista em 2017.

Eles são formados a partir da contração de núcleos estelares. Como a revista científica Quanta esclarece, o processo de formação de um buraco negro dependerá do tamanho dessa estrela.

Em 1967, três físicos da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriram que quando o núcleo de uma estrela é muito pesado, ele não se torna um buraco negro, mas explode sem deixar vestígios de sua existência.

Pesquisadores que contribuíram para a publicação científica respondem a perguntas na apresentação da descoberta no Observatório Astronômico Chinês.
Pesquisadores que contribuíram para a publicação científica respondem a perguntas na apresentação da descoberta no Observatório Astronômico Chinês.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Se a estrela tivesse um núcleo com massa entre 65 e 130 vezes maior que a do Sol, ela explodiria dessa maneira. É por isso que os astrônomos afirmavam que "não deveria haver" buracos negros com massas na faixa de 50 a 130 massas solares, porque essas estrelas deveriam ter explodido.

De tempos em tempos, porém, surgem novas teorias ou evidências de observação astronômica de que existem buracos negros desse tamanho, porque a implosão dos núcleos pode gerar essa massa densa que engole até a luz.

A outra razão pela qual os astrônomos têm tantas dúvidas sobre isso é porque acreditam que as estrelas vão "perdendo" parte de sua massa ao longo de suas vidas, que vão diminuindo de tamanho e são significativamente menores no momento que "morrem".

Foto da National Sciene Foundation publicada em abril deste ano. Eles tiraram fotos por 10 dias para produzir esta foto de um buraco negro em uma galáxia super gigante localizada na constelação de Virgem
Foto da National Sciene Foundation publicada em abril deste ano. Eles tiraram fotos por 10 dias para produzir esta foto de um buraco negro em uma galáxia super gigante localizada na constelação de Virgem
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Uma estrela teria que nascer com um tamanho enorme, de pelo menos 300 sóis, para morrer com um número de 130 massas solares. É tão difícil que isso aconteça que os astrônomos afirmaram que apenas detectariam buracos negros que não excederiam 50 sóis.

Mais perguntas do que respostas

Os experimentos físicos e os observatórios científicos LIGO e Virgo haviam revelado a possibilidade de que esses buracos negros existissem. Agora, o LB-1 confirma a existência desses buracos enormes, conforme explicado no estudo publicado pela Nature.

"Uma possibilidade muito interessante é que essa matéria escura contenha dois buracos negros orbitando entre si", os autores do estudo se aventuram a conjecturar e depois esclarecem que isso levaria a uma formação de buracos negros binários.

A confirmação da existência de um buraco negro desse tamanho parece ser o começo de outras formas de observação e medidas para esse fenômeno que deixa astrônomos e físicos intrigados.

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