Câmara da Itália vota contra projeto sobre salário mínimo
A Câmara dos Deputados da Itália votou nesta quarta-feira (6) a favor do governo da premiê Giorgia Meloni para bloquear uma tentativa da oposição de estabelecer um salário mínimo de nove euros (R$ 47) por hora na Itália, que atualmente não tem piso estabelecido por lei.
Com o objetivo de travar a proposta, os parlamentares votaram pela interrupção do projeto de lei com 153 votos a favor, 118 contra e três abstenções. O texto agora segue para o Senado.
Durante a votação, os deputados da oposição gritaram "vergonha, vergonha" e ergueram cartazes onde se lia "salário mínimo negado" e foram até às bancadas do governo gritando "Vergonha!". Por causa disso, a sessão precisou ser suspensa por alguns minutos.
"O governo destruiu o salário mínimo, esvaziaram-no e fizeram com que virasse outra coisa, de uma forma que nos ofende. Mas avançaremos e em conjunto com as outras oposições decidiremos como avançar", anunciou a secretária do Partido Democrático (PD), Elly Schlein, enfatizando que "hoje é um dia triste".
No meio da confusão, o ex-premiê e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte, rasgou o projeto de lei na Câmara, enquanto os líderes dos partidos opositores retiraram suas assinaturas da legislação.
"Retiramos as nossas assinaturas do projeto de lei. As expectativas dos trabalhadores não serão traídas em nosso nome", acrescentou ela.
Já Nicola Fratoianni, da Aliança da Esquerda Verde (AVS), disse que "transformar um projeto de lei da oposição em um ato de habilitação do governo é um tapa na cara do Parlamento".
Meloni, no entanto, acusou os partidos da oposição e os sindicatos de hipocrisia nos seus apelos para que a Itália tivesse um salário mínimo. "Sorrio um pouco quando o M5S e o PD nos dizem que um salário mínimo é a única coisa que precisa ser feita na Itália, mas não o fizeram durante 10 anos de governo", disse a premiê em entrevista à rádio Rtl.
A premiê italiana afirmou ainda que está "espantada com a posição de alguns sindicatos, que saem às ruas para exigir um salário mínimo e depois, quando vão negociar acordos coletivos, aceitam contratos de pouco mais de cinco euros por hora, como aconteceu recentemente com o contrato coletivo de segurança privada".
"Deve-se ter um pouco de coerência", defendeu Meloni.
O projeto assinado por quase todos os partidos de oposição prevê a instituição de um salário mínimo de nove euros por hora, uma vez que a Itália é um dos seis países da União Europeia que não contam com um piso estabelecido por lei.
O governo Meloni, no entanto, é contra a medida e alega que a solução para aumentar os salários é fortalecer as negociações coletivas.
Em agosto passado, a Câmara dos Deputados já havia aprovado a moção apresentada pela coalizão de apoio ao governo Meloni para suspender por 60 dias a análise do texto. .