Canadá celebra primeiro feriado nacional de reconciliação indígena
O Canadá comemorou nesta quinta-feira seu primeiro Dia Nacional da Verdade e da Reconciliação em homenagem às crianças perdidas e aos sobreviventes de internatos indígenas, após a descoberta aterradora de mais de mil covas anônimas em duas antigas escolas no início deste ano.
O chamado sistema escolar residencial, que funcionou entre 1831 e 1996, retirou cerca de 150 mil crianças indígenas de suas famílias. Algumas foram submetidas a abusos, estupro e desnutrição em escolas, o que a Comissão da Verdade e da Reconciliação qualificou em 2015 de "genocídio cultural".
Administradas pelo governo e por igrejas cristãs, a maioria católicas, as escolas tinham o objetivo declarado de adaptar crianças indígenas. O governo do primeiro-ministro liberal, Justin Trudeau, instituiu o novo feriado federal em junho.
"O legado da colonização teve repercussões devastadoras para povos indígenas, incluindo a perda de linguagem, cultura e herança", disse a governadora-geral Mary May Simon, a primeira aborígine a servir no Canadá como representante de sua chefe de Estado, a rainha Elizabeth.
"Esta dor é sentida de geração a geração, e continua hoje", acrescentou ela em um comunicado.
A rainha enviou uma mensagem, dizendo que se une aos canadenses "para refletir sobre a história dolorosa que pessoas indígenas sofreram em escolas residenciais do Canadá, e sobre o trabalho que resta para curar e para continuar a formar uma sociedade inclusiva".
A descoberta das covas anônimas reabriu as feridas profundas deixadas pela colonização europeia do Canadá e pelos esforços subsequentes para adaptar culturas indígenas. Hoje, indígenas são vítimas de níveis altos de pobreza e violência e têm expectativas de vida menores.
"Neste primeiro Dia Nacional da Verdade e da Reconciliação, refletimos sobre os impactos duradouros das escolas residenciais", disse Trudeau nesta quinta-feira, um dia depois de assinalar o feriado em um evento realizado no gramado diante do Parlamento. "Lembramos as crianças que nunca voltaram para casa".