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Candidato opositor a Maduro, Edmundo González deixa Venezuela após receber asilo político da Espanha

González havia se refugiado na embaixada da Espanha em Caracas há vários dias e solicitou asilo político, disse a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez. A Espanha confirmou a notícia de que o líder opositor está a caminho do país

8 set 2024 - 06h48
(atualizado às 07h27)
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Edmundo González foi o candidato da oposição nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela. (Foto: 19 de junho)
Edmundo González foi o candidato da oposição nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela. (Foto: 19 de junho)
Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria / BBC News Brasil

Edmundo González, o candidato da oposição a Nicolás Maduro nas eleições do último 28 de julho na Venezuela, deixou o país no sábado, 7.

A informação foi divulgada pela vice-presidente Delcy Rodríguez, no Instagram.

Em seu comunicado, ela explica que González havia se refugiado na embaixada da Espanha em Caracas há vários dias e solicitou asilo político.

"A Venezuela concedeu os devidos salvo-condutos em prol da tranquilidade e da paz política no país", disse Rodríguez.

O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, confirmou a notícia através de sua conta no X. "Edmundo González, a seu pedido, está voando para a Espanha em um avião da Força Aérea Espanhola", escreveu.

Ele também destacou que o governo espanhol "está comprometido com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos".

Juan Pablo Guanipa, líder do partido venezuelano de oposição Primero Justicia, afirmou em sua conta no X que "não importa onde esteja" González, "devemos continuar lutando para que o triunfo", que ele assegura que o candidato obteve, "seja respeitado".

"O importante é que ele foi eleito, que sua eleição foi comprovada, e que a soberania popular deve ser respeitada".

Ordem de prisão

González representou a oposição venezuelana nas eleições presidenciais, após Maria Corina Machado, a líder do bloco contrário a Maduro, ser impedida de se candidatar.

De acordo com as atas eleitorais - espécie de boletins de urna - publicadas pela oposição após as eleições, González venceu com uma ampla maioria.

No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral declarou Nicolás Maduro como o vencedor, um resultado que tem sido questionado internacionalmente, pois as atas que o confirmariam ainda não foram divulgadas. O órgão é controlado por aliados ao presidente.

Nesta foto de 30 de julho, Edmundo González aparece em um evento público em Caracas ao lado de María Corina Machado.
Nesta foto de 30 de julho, Edmundo González aparece em um evento público em Caracas ao lado de María Corina Machado.
Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria / BBC News Brasil

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela validou em 22 de agosto os resultados que deram a vitória a Maduro.

E, na segunda-feira, 2 de setembro, um juiz venezuelano ordenou a captura de Edmundo González por suposta "usurpação de funções, falsificação de documento público, incitação à desobediência das leis, conspiração, sabotagem de sistemas e delitos de associação criminosa".

O ex-candidato não compareceu à Justiça, apesar das sucessivas convocações, e estava na clandestinidade desde 30 de julho. A violência após as eleições na Venezuela resultou na morte de pelo menos 27 pessoas e deixou 192 feridos.

O governo de Nicolás Maduro prendeu mais de 2,4 mil pessoas desde as eleições, o que, segundo as Nações Unidas, criou "um clima de medo".

A líder opositora Maria Corina Machado apareceu em eventos públicos após as eleições e declarou que não tem intenção de deixar o país.

De la diplomacia a la política

Após a inabilitação de Machado, assim como de Corina Yoris, que havia sido designada como sua substituta, González foi escolhido para enfrentar Maduro nas urnas.

Ao formalizar sua candidatura, em abril, ele afirmou que aceitava essa responsabilidade "com humildade".

"É uma situação inesperada. Eu jamais pensei que estaria nessa posição. No entanto, quando me propuseram, tomei isso como um compromisso pessoal com a Venezuela, com o sistema de governo e a democracia", disse ele à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, em uma entrevista publicada em 13 de junho.

"Precisamos buscar a reconciliação nacional e, se isso incluir setores que atualmente estão com o governo, vamos incluí-los", acrescentou.

Após as eleições, muitos venezuelanos saíram às ruas em seu país e em outras nações para expressar seu apoio a González. Esta foto é de uma manifestação em Caracas em 8 de agosto.
Após as eleições, muitos venezuelanos saíram às ruas em seu país e em outras nações para expressar seu apoio a González. Esta foto é de uma manifestação em Caracas em 8 de agosto.
Foto: REUTERS/Maxwell Briceño / BBC News Brasil

Na Universidade Central da Venezuela (UCV), ele se formou em relações internacionais e depois fez um mestrado na área na American University, nos EUA.

Seu primeiro destino foi como secretário da embaixada da Venezuela nos Estados Unidos, em 1978, aos 29 anos. Posteriormente, esteve em El Salvador durante a guerra civil que assolou o país centro-americano há mais de quatro décadas.

No final de 1999, ele recebeu suas credenciais como embaixador do governo de Rafael Caldera e, algum tempo depois, foi confirmado por Hugo Chávez, e trabalhou como embaixador na Argentina até 2002.

Exerceu funções diplomáticas em diversas delegações da Venezuela na Bélgica, no Reino Unido e na Argélia. Entre 2013 e 2015, foi o representante internacional da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a coalizão opositora que evoluiu para o que hoje é conhecido como Plataforma Unitaria Democrática (PUD).

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