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Cardeal demitido emite manifesto, em ataque velado ao papa

9 fev 2019 - 15h31
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Um cardeal demitido de uma posição importante pelo papa Francisco escreveu seu próprio "Manifesto da Fé", no último ataque contra a autoridade do pontífice por um dos líderes da ala conservadora da Igreja. 

O cardeal Gerhard Müller, 71 anos, alemão que foi o chefe de doutrinas do Vaticano até 2017, emitiu um manifesto de quatro páginas, na sexta-feira, por meio de veículos de imprensa conservadores da Igreja. 

Ele disse que "muitos bispos, padres, religiosos e leigos" exigiram-no. Ele não disse quantos e por que o estava publicando agora. 

No entanto, conservadores ficaram insatisfeitos, na última semana, quando Francisco fez sua primeira viagem como papa à península arábica e assinou um "Documento pela Fraternidade Humana" com um líder religioso muçulmano. 

Católicos ultra-conservadores são contra o diálogo com o islamismo, com alguns dizendo que o seu último objetivo é destruir o Ocidente. 

A data do manifesto é 10 de fevereiro, o sexto aniversário da véspera do anúncio de renúncia do ex-papa Bento, 91, que permanece como um ícone para católicos conservadores. 

Müller disse que escreveu o manifesto "diante da confusão cada vez maior em relação à doutrina da fé". 

Ele disse que alguns líderes da Igreja "abandonaram pessoas confiadas a eles, perturbando-os e danificando severamente a sua fé". Ele alertou contra "a fraude do anti-Cristo". 

Müller, que não mencionou o papa, é um dos poucos cardeais conservadores que abertamente acusaram Francisco de semear a confusão. 

Eles dizem que ele está enfraquecendo as regras católicas em questões morais, como homossexualidade e divórcio, enquanto se concentra excessivamente em problemas sociais como mudanças climáticas e desigualdade econômica. 

O líder dessa ala é Raymond Leo Burke, 70, norte-americano que foi deposto de uma alta posição do Vaticano em 2014. 

Müller tem intensificado suas críticas ao papa desde que Francisco o removeu como chefe da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé, em 2017. 

A maior parte do manifesto reafirmava lições da Igreja, inclusive várias que o próprio Francisco confirmou com veemência, como o celibato para padres e a proibição à ordenação das mulheres. 

Uma seção, no entanto, foi uma crítica clara a Francisco, que estendeu a mão a católicos que se divorciaram e casaram novamente fora da Igreja. 

Francisco acredita que deveria ser permitido a alguns receber a comunhão, em uma análise caso a caso, o que é um anátema para conservadores. 

O Vaticano não comentou o documento.

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