Chanceler diz que Itália terá enviado especial na Líbia
Luigi Di Maio visitou o país africano nesta terça-feira (17)
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, anunciou nesta terça-feira (17) que o país terá um enviado especial para a Líbia, nação do norte africano que enfrenta quase uma década de guerras de milícias.
A medida foi divulgada após uma visita oficial à Líbia, durante a qual o chanceler se reuniu com os líderes dos dois lados em conflito: o primeiro-ministro de união nacional Fayez al-Sarraj e o marechal Khalifa Haftar.
"Decidimos que a Itália instituirá um enviado especial para a Líbia que responderá diretamente ao Ministério das Relações Exteriores, com o objetivo de ter uma relação de alto nível contínua e intensa com todas as partes", disse. Di Maio também anunciou que pretende voltar à Líbia em breve, mas desta vez em uma missão guiada pela União Europeia. "A Itália perdeu terreno na Líbia, não podemos negá-lo, mas é o momento de recuperar o papel natural de principal interlocutor e amigo do povo líbio", acrescentou.
Ex-colônia italiana, o país africano é uma das prioridades da política externa de Roma, já que é o principal vetor da crise migratória no Mediterrâneo Central. Com a fragmentação da Líbia, traficantes de seres humanos encontraram caminho livre no litoral para despachar nos últimos anos centenas de milhares de migrantes forçados em barcos superlotados.
O país vive dividido desde a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e hoje não existe enquanto Estado unitário. Atualmente, Sarraj chefia um governo de união nacional reconhecido internacionalmente e que controla a porção oeste da Líbia, incluindo a capital Trípoli. Já Haftar comanda um conjunto de milícias leal a um parlamento paralelo estabelecido em Tobruk, no leste, que domina a maior parte do território líbio.
No primeiro semestre, o marechal iniciou uma ofensiva para conquistar Trípoli, a qual diz estar tomada por "terroristas". Crítico do Islã político, Haftar é ex-aliado de Kadafi e se inspira no regime do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar a Irmandade Muçulmana e hoje lidera um regime autocrático.