Charlie Hebdo publica edição especial 10 anos após ataque
Massacre deixou 12 mortos em 7 de janeiro de 2015
O jornal satírico francês Charlie Hebdo publicou uma edição especial nesta terça-feira (7) para relembrar os 10 anos do atentado jihadista contra sua redação, que deixou 12 mortos em 7 de janeiro de 2015.
Com quase 40 charges de 28 países e o tema "rir de Deus", a revista com 32 páginas reafirma que "a vontade de rir nunca morrerá!" para demonstrar que o estado de espírito dos seus criadores é "inabalável".
A publicação retrata a última década, marcada "pelo agravamento da situação geopolítica" e enfatiza que "o riso, a ironia, as caricaturas são manifestações de otimismo".
Dez anos após o atentado, a primeira página da edição especial do Charlie Hebdo exibe um leitor sentado sobre uma espingarda, sorrindo e lenda a revista. O autor da charge é Riss, diretor do jornal.
"A sátira tem uma virtude que nos ajudou a superar estes anos trágicos: o otimismo. Se queremos rir, significa que queremos viver", escreve ele no editorial.
"Qualquer que seja o acontecimento dramático ou feliz, a vontade de rir nunca desaparecerá", acrescentou.
O atentado foi o primeiro de uma série que marcou anos particularmente sombrios para a França. A ofensiva contra o jornal satírico foi cometida pelos irmãos Said e Chérif Kouachi, que invadiram a redação do Charlie Hebdo armados com metralhadoras e assassinaram 11 pessoas, incluindo alguns dos principais cartunistas da publicação.
Ao deixar o prédio, os Kouachi ainda mataram a sangue frio um policial muçulmano, Ahmed Merabet, que estava deitado ferido na calçada.
Dois dias depois do ataque ao jornal, outro terrorista islâmico, Amédy Coulibaly, assassinou quatro indivíduos durante um sequestro em um mercado kosher em Paris. Antes disso, ele já havia matado uma policial durante uma troca de tiros. O saldo daqueles três dias foi de 17 vítimas, sem contar os agressores, todos mortos pela polícia.
Os atentados instauraram um clima de terror na capital francesa, que chegaria ao ápice em 13 de novembro daquele mesmo ano, quando jihadistas mataram 130 pessoas perto do Stade de France, em bares e restaurantes de zonas boêmias da cidade e na casa de shows Bataclan.
Hoje, a França celebra a data que marca o 10º aniversário do massacre jihadista, em uma cerimônia para lembrar as vítimas, em Paris. O evento contou com a presença do presidente Emmanuel Macron, que expressou seu desejo de confirmar o projeto de um Museu-Memorial do Terrorismo perto de Paris, conforme foi anunciado em 2018.
A iniciativa foi arquivada nos últimos meses pelo antigo governo do primeiro-ministro Michel Barnier. .