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Chefe da agência nuclear da ONU pede ajuda do Irã antes de viagem

12 nov 2024 - 17h38
(atualizado às 17h39)
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O chefe da agência de vigilância nuclear da ONU, Rafael Grossi, apelou à liderança iraniana nesta terça-feira para que tome medidas para resolver questões pendentes com a sua agência, um dia antes de sua chegada à capital iraniana para conversas fundamentais sobre o programa nuclear do país.

Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), tenta avançar há meses com o Irã em questões que incluem a ampliação da cooperação para monitoramento em instalações nucleares e uma explicação oficial para os traços de urânio encontrados em locais não declarados.

Seus esforços, contudo, geraram poucos resultados, e, com a volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, que provavelmente restauraria uma política de pressão máxima sobre o Irã, a visita de Grossi na quarta-feira poderá indicar como o Irã pretende proceder nos próximos meses.

"Estou longe de poder dizer à comunidade internacional o que está acontecendo. Estaria em uma posição muito difícil. Então é como se eles precisassem nos ajudar, para que possamos ajudá-los até certo ponto", disse Grossi à Reuters durante a COP29 em Baku.

Desde 2019 o Irã intensificou sua atividade nuclear após Trump, em seu primeiro mandato, ter abandonado um acordo firmado em 2015 sob o qual o Irã se comprometia a reduzir o enriquecimento de urânio em troca de alívio nas sanções, que foram novamente impostas à República Islâmica. O Ocidente tem visto o enriquecimento iraniano como um esforço disfarçado de desenvolver armas nucleares.

Atualmente, Teerã está enriquecendo urânio a até 60% de pureza físsil, próximo dos aproximadamente 90% necessários para uma bomba nuclear. Segundo a AIEA, o país possui urânio suficiente para produzir cerca de quatro bombas nucleares, caso fosse refinado ainda mais. O Irã há muito nega qualquer intenção de construir bombas nucleares, alegando que enriquece urânio apenas para uso civil.

A visita de Grossi ocorre uma semana antes de a diretoria da AIEA, composta por 35 países, se reunir em Viena com os países europeus do acordo de 2015 -- Reino Unido, Alemanha e França -- que devem analisar se devem aumentar a pressão sobre o Irã, dada sua falta de cooperação.

O último relatório da agência, em junho, indicou que ela perdeu o conhecimento sobre partes importantes do programa, devido à incapacidade de realizar atividades de verificação e monitoramento por mais de três anos e meio.

"Acho que a situação continua a se degradar. O programa nuclear deles cresce, e não temos o nível de visibilidade necessário em áreas sensíveis, como a produção de centrífugas e outras", disse Grossi.

Ele afirmou ser "indispensável" obter resultados sobre o monitoramento e atividades inexplicadas.

Grossi disse estar decepcionado pelo fato de Teerã não ter retomado o diálogo mais rapidamente, apesar dos acenos positivos que recebeu durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, mas observou que o agravamento da situação geopolítica no Oriente Médio e os confrontos entre Israel e Irã podem estar relacionados com isso.

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