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Chefe de direitos da ONU se diz "horrorizado" com relatos de valas comuns em hospitais de Gaza

23 abr 2024 - 17h13
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O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, disse nesta terça-feira que ficou "horrorizado" com a destruição das instalações médicas de Nasser e Al Shifa, em Gaza, e com relatos de valas comuns com centenas de corpos, disse uma porta-voz.  

Autoridades palestinas informaram a descoberta de centenas de corpos em valas comuns no hospital Nasser, em Khan Younis, nesta semana, após ele ser abandonado por tropas israelenses. Também houve relatos de corpos encontrados no Al Shifa, também depois de uma operação das forças especiais de Israel. 

O Exército israelense afirmou que as alegações das autoridades palestinas de que as Forças de Defesa Israelenses (IDF, em inglês) enterraram os corpos são "infundadas", acrescentando que as forças, em busca de reféns israelenses, examinaram corpos enterrados anteriormente por palestinos perto do hospital Nasser e os devolveram ao local onde foram enterrados.

"O exame foi realizado de maneira cuidadosa e exclusivamente em locais onde a inteligência indicava a possível presença de reféns. O exame foi realizado respeitosamente, mantendo a dignidade do falecido", disse o Exército em comunicado.

Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, afirmou que a organização soou o alarme porque vários corpos foram encontrados. Turk disse ter ficado "horrorizado" com o relato da descoberta de valas comuns e com a destruição dos hospitais, informou a porta-voz. 

"Alguns deles estavam com as mãos atadas, o que obviamente indica sérias violações de leis internacionais de direitos humanos e leis humanitárias internacionais e isso precisa ser alvo de mais investigações", disse Shamdasani. 

Ela acrescentou que o gabinete de direitos humanos da ONU trabalha para corroborar os relatos das autoridades palestinas, incluindo os 30 corpos encontrados no Al Shifa. Segundo esses relatos, alguns dos corpos foram enterrados embaixo de pilhas de lixo e incluíam mulheres e idosos. 

Repórteres da Reuters presenciaram equipes de emergência na segunda-feira desenterrando corpos nas ruínas do hospital Nasser. 

Comandado pelo Hamas, o Serviço de Emergência Civil afirmou nesta terça-feira que até o momento foram encontrados 310 corpos em uma vala comum em Nasser e que outros dois túmulos coletivos foram identificados, mas ainda não escavados. O Ministério da Saúde palestino confirmou os dados. 

Representando por Shamdasani em um briefing da ONU à imprensa, Turk também criticou ataques israelenses contra Gaza nos últimos dias que, segundo eles, mataram principalmente mulheres e crianças. 

Shamdasani repetiu o alerta contra uma incursão completa em Rafah, onde 1,2 milhão de civis estão aglomerados, argumentando que isso poderia levar a "a mais crimes de atrocidades". 

A violência também cresceu na  Cisjordânia ocupada desde o início do conflito em Gaza, em 7 de outubro, desencadeado pelos ataques do grupo militante Hamas realizados no outro lado da fronteira contra Israel. 

Autoridades de saúde palestinas disseram que 14 palestinos foram mortos no sábado na área de Nur Shams.

Shamdasani afirmou que o escritório de direitos humanos da ONU havia recebido relatos de que algumas das vítimas em Nur Shams haviam sido mortas em aparentes execuções extrajudiciais.

O escritório de mídia do Hamas acusa Israel de execuções, mas não compartilhou provas. Israel nega a realização de execuções.

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