Chefe de direitos humanos da ONU pede libertação de mulheres ativistas sauditas
A chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, pediu nesta quarta-feira à Arábia Saudita que liberte mulheres ativistas supostamente torturadas sob detenção depois que as autoridades as acusaram de prejudicar os interesses do país.
Ativistas identificaram 10 mulheres sauditas detidas por fazerem campanhas, expressando o temor de elas enfrentarem penas severas.
O procurador-geral saudita está preparando os julgamentos das detidas, identificadas por grupos de monitoramento como ativistas de direitos das mulheres, depois de finalizar suas investigações, relatou a agência estatal de notícias SPA na sexta-feira.
"Hoje, permitam-me expressar minha preocupação com a prisão e detenção aparentemente arbitrárias, e os supostos maus tratos e tortura, de várias defensoras dos direitos humanos das mulheres na Arábia Saudita", disse Bachelet em um discurso ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
"A perseguição de ativistas pacíficas contraria claramente o espírito das novas reformas proclamadas pelo país", acrescentou.
Na semana passada, o vice-procurador-geral saudita disse ao jornal saudita Alsharq Alawsat que seu escritório analisou reportagens segundo as quais as mulheres foram torturadas e não encontrou nenhuma prova, classificando-as como "falsas".
O príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, adotou reformas que reduziram a discriminação, como permitir que as mulheres dirijam.
Mas ativistas dizem que as mulheres que lideraram tais campanhas continuam atrás das grades e que algumas foram torturadas desde que foram presas em maio.
Em um relatório divulgado em Genebra na segunda-feira, o Centro de Direitos Humanos do Golfo disse que algumas ativistas sauditas foram submetidas a torturas, como choques elétricos, chibatadas, açoites e agressões sexuais.
Na quinta-feira, países europeus farão um apelo para que Riad solte as ativistas e coopere com um inquérito liderado pela ONU sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, disseram diplomatas e ativistas à Reuters.
A Islândia comandou a iniciativa inédita, obtendo apoio de nações europeias e possivelmente de delegações de outras regiões para uma repreensão à monarquia absolutista, que é um dos 47 membros do fórum.