Chefe de política externa da UE propõe suspensão de diálogo com Israel por preocupações com a guerra em Gaza
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, propôs que o bloco suspenda o diálogo político com Israel, citando possíveis violações de direitos humanos na guerra em Gaza, de acordo com quatro diplomatas e uma carta vista pela Reuters.
Na carta enviada nesta quarta-feira aos ministros das Relações Exteriores da UE antes de uma reunião na próxima segunda-feira, Borrell citou "sérias preocupações sobre possíveis violações do direito humanitário internacional em Gaza" e disse que "até agora, essas preocupações não foram suficientemente abordadas por Israel".
O diálogo político está consagrado em um acordo mais amplo sobre as relações entre UE e Israel que entrou em vigor em junho de 2000 e inclui amplos laços comerciais.
"À luz das considerações acima, apresentarei uma proposta para que a UE invoque a cláusula de direitos humanos para suspender o diálogo político com Israel", escreveu Borrell.
Uma suspensão precisaria da aprovação de todos os 27 países da UE, o que, segundo os diplomatas, é muito improvável. Vários países se opuseram quando uma autoridade de alto escalão da UE informou os embaixadores em Bruxelas sobre a proposta nesta quarta-feira, disseram três dos diplomatas, sob condição de anonimato.
A proposta de Borrell tem a intenção de enviar um forte sinal de preocupação com a conduta de Israel na guerra, disse um diplomata.
Ela será discutida na reunião de ministros das Relações Exteriores, a última a ser presidida por ele antes do fim de seu mandato de cinco anos.
O Gabinete de Direitos Humanos da ONU disse na semana passada que quase 70% das mortes verificadas na guerra eram de mulheres e crianças, e condenou o que chamou de violação sistemática dos princípios fundamentais da lei humanitária internacional.
Israel disse rejeitar categoricamente o relato9. O Exército israelense afirmou que sua ação está "de acordo com os princípios de distinção e proporcionalidade, e é precedida por uma avaliação cuidadosa do potencial de danos aos civis".
A UE tem sofrido para encontrar uma posição forte e unificada sobre a guerra em Gaza, desencadeada por ataques de militantes palestinos do Hamas contra Israel em 7 de outubro do ano passado. O bloco pediu ao Hamas que libertasse todos os reféns israelenses e que ambos os lados respeitassem o direito internacional.
Alguns países da UE, como a República Tcheca e a Hungria, apoiam firmemente Israel, enquanto outros, como Espanha e Irlanda, enfatizam seu apoio aos palestinos.