China pode reduzir CO2 em um terço até 2035 com novas metas da ONU, diz think tank
As emissões de dióxido de carbono da China poderão cair em um terço até 2035 e se alinhar às metas do Acordo de Paris sobre o clima se o país apresentar promessas mais ambiciosas às Nações Unidas no início do próximo ano, afirmou uma organização ambiental nesta quinta-feira.
Como parte de suas obrigações sob o Acordo de Paris, as nações devem entregar novas e mais fortes "contribuições nacionalmente determinadas" (NDCs, na sigla em inglês) à ONU até fevereiro para estabelecer metas para 2035. As promessas da China, o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, serão examinadas de perto.
Com a China em vias de cumprir suas metas climáticas para 2030 com relativa facilidade, o país poderia agora capitalizar suas vantagens em termos de energia renovável e estabelecer políticas que reduzirão as emissões em pelo menos 30% até 2035, disse o Centro de Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo (CREA), com sede em Helsinque.
Os níveis totais de CO2 já podem estar em "declínio estrutural", depois de terem caído este ano, e há sinais positivos de que o clima está de volta à agenda política, disse Belinda Schape, analista de políticas da China do CREA.
No entanto, "apesar dessas tendências positivas, existe o risco de que os formuladores de políticas chineses possam estar reduzindo as metas climáticas da China para 2035 em meio à inércia política atual", disse ela.
A China não divulgou nenhum detalhe relacionado aos seus planos de NDC. Em agosto, Li Chuangjun, o principal funcionário do setor de energia renovável, disse aos repórteres que estava "trabalhando duro" para estabelecer as metas para 2035.
As metas climáticas de longo prazo da China são fixas e seu caminho para as emissões líquidas zero será decidido somente pela China e "nunca será influenciado por outros", disse Li.
O Climate Action Tracker, uma iniciativa independente que avalia como os países estão se adequando à meta de Paris de manter o aumento da temperatura dentro de 1,5 grau Celsius, descreveu a última apresentação do NDC da China em 2021 como "altamente insuficiente".
A China é classificada pela ONU como um país em desenvolvimento e, portanto, não é obrigada a fazer cortes absolutos nas emissões. Em sua última apresentação de NDC, em 2022, o país afirmou que havia "feito todos os esforços" para avançar nas ações climáticas.
A China pode já ter alcançado a meta de reduzir as emissões a um pico "antes de 2030" e a meta de aumentar a capacidade eólica e solar para 1.200 gigawatts até 2030 também foi atingida seis anos antes, após níveis recordes de novas instalações.
O CREA disse que a China é capaz de estabelecer uma meta eólica e solar de 4.500 GW para 2035 e reduzir as emissões totais do setor de energia em pelo menos 30%.
Também poderia reduzir as emissões de aço e cimento em 45% e 20%, respectivamente. Metas rigorosas de redução de outros gases de efeito estufa, como o metano, também podem ser alcançadas, disse o CREA.
A China já ordenou que suas usinas siderúrgicas passem por uma "renovação de baixo carbono" que reduzirá as emissões em cerca de 53 milhões de toneladas métricas até o próximo ano.