China surpreende e condena na ONU o teste de míssil da Coreia do Norte
O Conselho de Segurança da ONU condenou por unanimidade, em reunião de emergência realizada ontem (13), o teste de um míssil norte-coreano e pediu aos países-membros que redobrem os esforços para que as sanções impostas à Coreia do Norte sejam aplicadas. Em nota, o conselho disse "deplorar as atividades de mísseis balísticos da República da Coreia do Norte, que contribuem para o desenvolvimento do sistema de armas nucleares do país e o aumento da tensão". As informações são da Agência France-Presse (AFP).
O texto da ONU também lamenta que o país asiático esteja destinando recursos para este tipo de atividade, em detrimento das grandes necessidades de seus cidadãos. A surpresa ficou por conta da condenação dos testes norte-coreanos pela China, tradicional aliada do regime de Pyongyang.
A China é o maior aliado da Coreia do Norte e destino de 70% das exportações norte-coreanas. Pequim ainda mantém um diálogo importante com os norte-coreanos, mas parece estar perdendo a paciência com a situação. Ontem, por meio do seu porta-voz, o governo chinês condenou os testes e reiterou que eles violam as resoluções da ONU. Pediu que todas as partes envolvidas evitassem movimentos que pudessem aumentar as tensões e disse que todos deveriam "buscar a contenção e manter em conjunto a paz e segurança na região".
O porta-voz chinês afirmou ainda que o seu país vai participar das reuniões na ONU sobre o lançamento dos mísseis com "uma atitude responsável e construtiva".
O Japão e a Corea do Sul foram os primeiros a se manifestar contra os testes, até porque são os vizinhos mais próximos e, em tese, estariam ao alcance dos mísseis norte-coreanos. Segundo a Yonhap, agência de notícias estatal da Coreia do Sul, os foguetes teriam a capacidade de atingir alvos a mais de dois mil quilômetros, o que poderia afetar cidades como Tóquio, Seul e Hong Kong. Nesta terça-feira (14), o Japão admitiu que novas sanções à Coreia do Norte poderão estar em cima da mesa e apelou à China para assumir um papel "construtivo" na resposta a mais este teste.
EUA e China
O teste norte-coreano também está sendo visto como uma provocação ao recém-empossado governo dos Estados Unidos e provocou inúmeras reações pelo mundo. No domingo (12), durante encontro com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, o presidente Donald Trump havia dito que os americanos apoiavam 100% de seus aliados japoneses na região.
O presidente chinês Xi Jinping recebeu finalmente um telefonema de Trump na semana passada. Os sinais que os EUA vinham dado para os chineses vinham causando incertezas para a relação. Trump já havia falado com 18 países, menos a China. O telefonema entre as duas partes pode ajudar a quebrar um pouco o gelo. A China recebeu bem o contato e disse que o país está preparado para trabalhar com os Estados Unidos e que a cooperação entre ambos vai beneficiar não apenas o povo dos dois países como o resto do mundo.
Vale lembrar que, durante o telefonema, Trump reconheceu a política da "China Única" dos chineses. Para a República Popular da China, Taiwan é parte da China, pois só há uma China. Esta é a posição de todos os países do mundo, exceto 21 que ainda reconhecem Taiwan (e não têm relações diplomáticas com a China).
Trump havia dito que poderia usar o assunto como moeda de troca para negociações com Pequim, comerciais inclusive. Este era um dos fatores de tensão entre os dois países desde que o americano assumiu. Para analistas esse promete ser o tema mais espinhoso do novo relacionamento entre EUA e China. Dele, podem depender os entendimentos para as negociações entre os dois em todas as outras áreas.
Coreia do Norte diz que está no seu "direito"
Ao comentar sobre os testes, a Coreia do Norte disse que está no seu "direito soberano de se proteger". E afirmou que o bem-sucedido teste do míssil balístico de médio a longo alcance representa avanços no seu programa armamentista. A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA disse que o líder do país, Kim Jong-un, supervisionou pessoalmente o teste do míssil Pukguksong-2, um novo tipo de arma estratégica capaz de carregar uma ogiva nuclear.