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Cientistas descobrem mal-entendido sobre campo magnético de Urano

11 nov 2024 - 13h58
(atualizado às 13h59)
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Em 1781, o astrônomo britânico nascido na Alemanha William Herschel fez de Urano o primeiro planeta descoberto com a ajuda de um telescópio. Este planeta frio, o terceiro maior do nosso sistema solar, continua sendo um enigma 243 anos depois. E parte do que pensávamos saber sobre ele acaba se revelando equivocado.

Grande parte do conhecimento sobre Urano foi obtido quando a nave espacial robótica Voyager 2 da Nasa realizou um sobrevoo de cinco dias em 1986. Mas os cientistas descobriram agora que a sonda visitou o planeta em um momento de condições incomuns -- um intenso evento de vento solar -- que levou a observações enganosas sobre Urano e, especificamente, seu campo magnético.

O vento solar é um fluxo de alta velocidade de partículas carregadas que emanam do sol. Os pesquisadores deram uma nova olhada em oito meses de dados da época da visita da Voyager 2 e descobriram que ela encontrou Urano apenas alguns dias após o vento solar ter esmagado sua magnetosfera -- a bolha magnética protetora do planeta -- para cerca de 20% de seu volume usual.

"Descobrimos que as condições de vento solar presentes durante o sobrevoo ocorrem apenas 4% do tempo. O sobrevoo ocorreu durante o pico máximo de intensidade do vento solar em todo aquele período de oito meses", disse o físico de plasma espacial Jamie Jasinski, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, autor principal do estudo publicado na segunda-feira no periódico Nature Astronomy.

"Teríamos observado uma magnetosfera muito maior se a Voyager 2 tivesse chegado uma semana antes", disse Jasinski.

Tal visita provavelmente teria mostrado que a magnetosfera de Urano é similar às de Júpiter, Saturno e Netuno, os outros planetas gigantes do sistema solar, disseram os pesquisadores.

Uma magnetosfera é uma região do espaço ao redor de um planeta onde o campo magnético planetário domina, criando uma zona protetora contra a radiação solar e de partículas cósmicas.

As observações da Voyager 2 deixaram uma impressão equivocada sobre a magnetosfera de Urano, que carece de plasma e possui cinturões incomumente intensos de elétrons altamente energéticos.

O plasma -- o quarto estado da matéria depois dos sólidos, líquidos e gases -- é um gás cujos átomos foram divididos em partículas subatômicas de alta energia. Como o plasma é uma característica comum na magnetosfera de outros planetas, sua baixa concentração observada ao redor de Urano foi intrigante.

"O ambiente de plasma de qualquer magnetosfera planetária é geralmente formado por plasma do vento solar, plasma de quaisquer luas presentes dentro da magnetosfera e plasma da atmosfera do planeta", disse Jasinski.

"Em Urano, não vimos plasma do vento solar ou das luas. E o plasma que foi medido era muito tênue", disse Jasinski.

Urano, de cor azul-esverdeada devido ao metano contido em uma atmosfera composta principalmente de hidrogênio e hélio, tem um diâmetro de cerca de 50.700 km. É grande o suficiente para acomodar 63 Terras dentro dele. Entre os oito planetas do sistema solar, apenas Júpiter e Saturno são maiores.

Sua inclinação incomum faz com que Urano pareça orbitar o sol como uma bola rolando. Urano, que orbita quase 20 vezes mais longe do sol do que a Terra, tem 28 luas conhecidas e dois conjuntos de anéis.

As observações da Voyager 2 sugeriram que suas duas maiores luas -- Titânia e Oberon -- frequentemente orbitam fora da magnetosfera. O novo estudo indica que elas tendem a ficar dentro da bolha protetora, tornando mais fácil para os cientistas detectarem magneticamente potenciais oceanos subterrâneos.

"Acredita-se que ambos sejam os principais candidatos a abrigar oceanos de água líquida no sistema uraniano devido ao seu grande tamanho em relação às outras luas principais", disse o cientista planetário do Laboratório de Propulsão a Jato e coautor do estudo, Corey Cochrane.

Os cientistas estão ansiosos para saber se oceanos subterrâneos em luas no sistema solar externo têm condições adequadas para sustentar vida. A Nasa lançou uma nave espacial em 14 de outubro em uma missão para a lua Europa de Júpiter, para abordar essa mesma questão.

"Uma futura missão a Urano é crucial para entender não apenas o planeta e a magnetosfera, mas também sua atmosfera, anéis e luas", disse Jasinski.

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